Novos (e bons) talentos

Três nomes que começam a empolgar formam o grupo dos Novos Designers: Luciana Galeao, Kylza Ribas e a novíssima Caroline Rossato. Luciana trouxe outra versão, mais luxuosa, dos mosaicos que lhe deram fama. Agora, há mais dourados contornando decotes, recortes mais ousados nos tecidos, quase sempre em verdes e violetas, com base marfim. O melhor, apesar de ficar de fora destas experiências artesanais, foi o vestido curtinho, linha A, em trama de tear. Passarelas são espelhos dos desejos de consumo. Os longos da Luciana passam ao largo do momento atual. E poderia haver uma variação maior de propostas no desfile.
Kylza se firma como nome importante no panorama carioca, pela trajetória própria, cheia de personalidade. Por exemplo, em vez de música, contou com Arnaldo Antunes recitando sobre o Tempo, tema da coleção. Os bordados foram trocados por jogos de modelagem, quase sempre em cinza e nude, assimetrias e texturas de tecidos modernos, idênticos a sacos de lixo. Com eles, Kylza fez casaquinhos curtos, que certamente darão um upgrade contemporâneo ao guarda-roupa mais caído. Para quem quiser um visual menos, digamos, reciclado, Kylza traz de volta dos anos 80 os tafetás changeants ou o furtacor, do preto ao roxo, também em casacos curtos e quadrados.
A boa surpresa foi a estreante Caroline Rossato. Seu trabalho em couro pode ser comparado, em qualidade e estilo, ao de Patricia Vieira. Principalmente nas pecas coloridas, truque difícil de ficar bom em chamois – nos casacos com palas e punhos nervurados, deram super-certo. A atitude das modelos, que caminhavam impulsionadas pelas botas de salto plataforma recuado, sempre de calcas de couro colantes como meias (como resolveram o vestir e despir destas calcas no camarim?), é a imagem precisa do novo look da moda: passos curtos, duros, o corpo jogado para trás, como lindos robôs.

Iesa Rodrigues