Reinaldo Lourenço

Reinaldo Lourenço ocupou o lugar deixado por Ricardo Almeida, e abriu ao meio-dia a temporada da São Paulo Fashion Week, em um auditório subterrâneo da FAAP. No desfile de visual impecável, pela qualidade de tecidos e de costura, o styling assinado por Pedro Lourenço (fiho de Reinaldo e Gloria Coelho, também estilista) apenas acrescentou chapeuzinhos enviesados aos looks inspirados por uma babel de fontes. Da aristocracia eduardiana saíram as golas e babados plissados e a própria predominância do preto; da alta-costura dos anos 60, os primorosos pregueados desencontrados, do princípio da era industrial os bordados de pedras nas golas e o arremate punk, tão prezado pelo autor, foi visto na profusão de zíperes prateados. E mais as estampas digitais imitando madeira, em camisas e vestidos balonês com barras bordadas. Em resumo, Mad Max e aristocracia, cascas de árvore e alta costura.

Rodapé / bonita, a cartela de marrons do esmalte Risqué, aprovada por Reinaldo / Walter Rodrigues manobra com mais elegância nos tortuosos caminhos dos patrocínios e apoios. Reinaldo Lourenço chega a declarar que os vestidos com franjas presas de correntes são alusivos ao desodorante Rexona Crystal / na platéia, Fernanda Torres, já de chapéu, como mandam as coleções, Debora Falabella de blusa floridinha de mangas bufantes / a disputa pela fila A foi tão intensa, e os lugares, tão poucos, na claustrofóbica salinha, que cada cadeira tinha dois ocupantes / muitos fechos estruturando as saias, vestidos e casacos. Fica a dúvida, qual será o que abre e fecha de verdade?