Ataque dos índios na Raia de Goeye

Por índios, entenda-se nações americanas, dos iroquois das florestas dos Estados Unidos. Paula Raya e Fernanda de Goeye são chiques demais para usarem referências tupiniquins. Por elas, o que vale é o campo de milho, o pôr-do-sol, a sociedade matriarcal desta tribo. Tudo isso, é explicado antes do desfile. Sem estas histórias, a coleção continuaria interessante, dentro do espírito sexy e cool da marca. A começar pelo local, uma casa no Jardim Europa, com a passagem das modelos nos jardins da mansão. Bonito, rico ambiente, com pequenos problemas como o sol queimando a platéia e a instabilidade das caixas de som montadas em tripés – uma delas caiu sobre a cabeça de Gloria Kalil.
Mas o show deve continuar. Depois do susto da caixa e do agito da entrada da modelo Daria Werbowy, musa da marca Lancôme, entraram as esguias beldades de calças elaboradas, sempre com algum babado, encaixes enviesados, pregueadinhos no vincos, interferências prateadas, detalhes que enfatizam a forma estreita no alto, aberta na barra. Muitas, em listrado combinando azul, preto e cinza. Da cintura para cima, há volumes de camisões, batas, casacos sobrepostos, também cheios de adereços decorativos como frisos de preguinhas, motivos de traços geométricos de pinturas de pele em aplicações nas costas. Isto, quando há algum tecido nas costas, porque uma das tradições da Raia de Goeye é o decote que desnuda o corpo, na lateral ou nas costas, até abaixo da cintura. Outra marca registrada das moças: os algodões e sedas puras, montados em camadas para dar coerência com a definição de formas orgânicas.
Sem penas, mocassins ou couros, esta foi a proposta de inverno da Raia de Goeye.

Rodapé / e os iroqueses, onde estavam, nas roupas? Não fizeram falta / Raica Oliveira está loura. Manuela de Paula é a morena mais exótica e bonita da semana. Daria Werbowy não tirou os óculos escuros. Estava de mini de chamois e blusinha preta. Bonita de verdade / uma peça ótima, a polo linha A, enviesada, em rosa-goiaba. Nas costas, traços metálicos aplicados, para lembrar dos índios / o styling das colunáveis paulistanas é do carioca Felipe Veloso; a beleza, do Cláudio Belizário, que na semana que vem embarca para os camarins do circuito americano