Patrícia Viera industrializada

Patricia é uma das profissionais de moda que despertam mais admiração quando apresenta seus trabalhos em couro. Do ateliê na Penha, no Rio, para a passarela de São Paulo, ela costuma trazer prodígios de artesanato nos chamois e napas. Nesta apresentação de inverno, a novidade vai além da moda andrógina, com direito a gravatinhas, desfilada ao som de Fred Mercury. As calças skinny, com fecho na barra, as camisas estruturadas com pences, as saias aparentemente feitas com tirinhas de couro preto e cinza e os padrões de xadrez tartan em textura fosca e couro ficam mais acessíveis, porque a produção será aumentada, o preço final, reduzído. Esta mudanca, fundamental numa das marcas mais cobiçadas e mais caras do mercado brasileiro (preço médio, R$ 2 mi), se deve ao fato de Patrícia ter descoberto a Mod’Amont, empresa com tecnologia capaz de fundir o couro em tule de lycra e de a seda no couro, formando o tartan. Algumas peças, como a saia de nozinhos terminados em franjas, ainda são feitas uma a uma, demoram de três a quatro dias para ficarem prontas. São exceções, em um estilo que prima por tirar do couro o visual casual e rústico.

Rodapé / na platéia da Patrícia, o inglês Robert Forrest e sua mãe, Beth. Robert foi o primeiro a descobrir a fábrica na Penha e levar compradores da Brown’s, de Londres, para onde a estilista exporta até hoje. Foi dele o conselho para tirar o segundo “i” do sobrenome Vieira, porque nenhum inglés ou americano saberia pronunciar / “adoro plotter”, brincou Patrícia no camarim, referindo-se aos métodos industriais de fundir tecidos sobre o couro / Ricardo dos Anjos dividiu a maquilagem em dois estilos, sempre focando os olhos: um contorno escuro, rímel só nos cílios superiores ou a sombra glitter, sem contorno algum, tipo anos 80