Olavo Machado Jr. da FIEMG

Olavo Machado Jr. da FIEMG

Coletivas são previsíveis:  fala-se do evento, os patrocinadores vendem seus peixes e os políticos fazem ares aborrecidos. A coletiva do Minas Trend surpreendeu, pela objetividade do sr. Olavo Machado Jr, empresário do setor eletrico, presidente da FIEMG (Federação das Industrias do Estado de Minas Gerais). Falou pouco, falou muito bem, melhor que muita gente do próprio setor de moda. Alguns toques dele:

– temos que estimular o mercado interno a procurar o produto nacional. Nào podemos concorrer com as condições de trabalho praticadas na Índia, por exemplo. Mas é preciso lembrar que comprando daqui, garantimos o emprego dos brasileiros. Nào queremos derrubar os importados, mas queremos isonomia de condições de trabalho e impostos. Se facilitamos a exploração por outros mercados, não preservamos empregos no Brasil

– não vamos importar crises que não são nossas. Acredito no nosso mercado interno.

– Os segmentos de confecção, calçados e bijuteria têm um cunho social muito grande. Importante é que as grandes empresas mineiras, que fazem a diferença na arrecadaçào, olhem para o setor da moda. Também temos que rever a lei da pequena empresa, para melhorar os preços

-o investimento em equipamentos é grande. Por exemplo, no setor de calçados. O empresário compra a máquina que o mundo inteiro está usando. Ele tem que ter o operário que saiba lidar com o maquinario. Nas outras indústrias, um soldador pode trabalhar com qualquer tipo de solda. Um vendedor de calças pode vender carros, pode virar garçon, de tiver um treinamento. Mas na indústria da moda, não, é especializado. É um problema de educaçào, que deveria começar antes dos sete anos. Para ter um funcionário preparado aos 17 anos, teria que ter começado aos sete, para dar a base do ensino

– precisamos revalorizar os ofícios. Na Inglaterra, há 250 mil pessoas que vivem de fazer cabelo, com muito orgulho. Aqui no Brasil, todo pai que era carpinteiro, pedreiro, padeiro, queria ter filho doutor, em vez de seguir o ofício. Resultado, não há espaço para tantos doutores e nào temos competência nos ofícios. E podemos ser muito bons neles: agoira mesmo, o Brasil ficou em segundo lugar na competiçào World Skills; o primeiro foi para a Coréia.

Quer dizer: falou quase o óbvio, com clareza e simplicidade. No final, Olavo anunciou um projeto de trabalho com Gustavo Lins, o mineiro que integra a lista da Alta Costura de Paris. Gustavo vai desenvolver uma coleçào numa espécie de workshop com costureiras, modelistas e artesãs, para ensinar a fazer um produto de alta qualidade. Também avisou que 2012 será o ano da Bienal do Design em Belo Horizonte, que a cidade inteira será mobilizada e o Minas Trend Preview deve se integrar no movimento. “O design é o grande diferencial competitivo, assim como a sustentabilidade. Vamos trabalhar em conjunto”.