Em vez de passarela, uma cabana no Grand Palais

Em vez de passarela, uma cabana no Grand Palais

Dia chuvoso, calçadas escorregadias, não podia ser diferente: hoje foi a manhã do desfile Chanel, no Grand Palais. É sempre uma sensação, que começa quando se recebe o e-mail da representação na central do Panamá, um mês antes. Depois, fica mais quente, quando chega o convite propriamente dito. No dia, despertador toca às oito, mesmo que o desfile seja às 10h30 – tem que chegar cedo, para garantir seu lugarzinho.

Desta vez a entrada foi mais calma, sem exigência de identidade nem vistoria de bolsas. As convidadas recebiam uma sacolinha com esmaltes e gloss de brinde. E para entrar no salão subia-se uma escada e tchan! O cenário de uma cabana de madeira, enfeitada com flores, com um monte de feno embaixo.

Até começar o show, rolou o habitual bafafá dos lugares que são ocupados por quem nem tem convite. O (a) dono (a) também, chega às 11 horas, e quer porque quer espremer todo mundo nos exíguos bancos onde cada convidado tem direito a um espacinho de meia-bunda.

Começou, e foi uma série de vestidos camponeses, blusas de tricô com pontos de nós grossos, casacos de tailleur, formas arredondadas, estampas de flores em azuis e rosas. Blusas em cor de lingerie, quase camisolas, tamancos fechados, de saltão de madeira. Cestas com dezenas de berloques pendurados.

Lilly Allen e sua banda subiram em palco escamoteado

Lilly Allen e sua banda subiram em palco escamoteado


No meio do desfile, sobe um palco e vem Lilly Allen e sua banda, ao vivo. Coisa boa, ela é gordinha, e estava linda de vestido preto e prata, saltão. Cantou só uma música e foi embora, que moda não combina com manifestações artísticas diferentes, dispersam a atenção. Mais uma vez a moda masculina foi reforçada, está cada vez melhor, com jeans black. No final, ele veio de off-white, como um noivo e se jogou no feno com uma suposta noiva e mais uma menina.

Aquela figurinha de preto é o Karl Lagerfeld, nos agradecimentos

Aquela figurinha de preto é o Karl Lagerfeld, nos agradecimentos

Quando acaba a coleção, ninguém sai da sala. Vão todos para a cabana, que reproduzia uma similar em Versalhes, dos tempos de Maria Antonieta. Fica o maior agito, deve rolar champanhe, beijos e abraços.

A saída é uma gincana à parte: imaginem mais de mil convidados saindo por um corredor estreito, na chuva. Todos querem parar para abrir o guarda-chuva, é um engarrafamento. Prefiro esperar, e apreciar o número de bolsas matelassês autênticas Chanel nos ombros das convidadas. Ver a Grace Coddington, da Vogue America, a Natalia Vodianova e seus diversos seguranças, o Prince e outro séquito de seguranças. Tudo faz parte do encanto deste desfile, o mais parisiense de todos, o mais internacional da semana.

<span style=”font-style: italic;”>Intervalo / momento mesquinho: negam a sacolinha de brinde para quem não tem convite com nome escrito. Nem fotógrafos nem pessoal de equipe de TV ganham. E se pedirem, ouvem que não têm direito / impressionante, a quantidade de mãos que levantam câmeras digitais e celulares na platéia </span>

as cores da Tara Jarmon em sedas e tecidos com paetês

as cores da Tara Jarmon em sedas e tecidos com paetês

<span style=”font-weight: bold;”>Tara Jarmon, pronta para vestir</span>

Depois de Chanel, direto para o show-room da Tara Jarmon, que abriu loja de 400 m2 na rue Saint Honoré, 400. Já virou tradição, esta passada para ver o que anda fazendo a equipe desta boa rede francesa. Valeu muito, porque os tecidos são requintados, tem seda, linho e bordados com paetês, as calças seguem o padrão anos 80, soltas e pregueadas nos quadris, estreitas na barra. O colorido varia desde os pretos, cinzas e rosa-blush para a noite até os vermelhos e amarelos para dia e alto-verão. Uma graça e um catering primoroso, tudo a ver no colorido da roupa. Bolinhos e musses de aparência maravilhosa. Não provei, porque tinha acabado de almoçar – tem que aproveitar quando dá tempo!