IMG_0115foto Ines Rozario
Vamos aos shoppings e nos espantamos com o número de lojas fechadas.  Andamos pelas ruas e passamos por muitas portas fechadas _ muitas vezes, nem lembramos quem antes ocupava aquele espaço. Sem falar em quanto tempo faz que reduzimos as aquisições de roupas, sapatos e outras alegrias.
Este é o retrato do varejo atual, reflexo imediato da falta de dinheiro dos consumidores. Por enquanto, parece não haver saída para quem se afunda nos juros das prestações não pagas dos crediários e do poço sem fundo do cheque especial.
Por incrível que pareça, a moda, este setor em geral considerado pouco sério, esquecido por quem faz as previsões econômicas, é quem está mostrando uma luz no fim da passarela (ou do túnel, como preferem os tradicionais).
Esta esperança surgiu durante dois dias de estada em São Paulo, para conferir a Fenin e a Francal, no Anhembi. O hotel Total, onde nos hospedamos, fica no Brás, bairro conhecido como um centro de atacado de moda. A esperança começou ao ver o movimento de compradores pelas lojas, ainda em busca de estoques de inverno. Malas e carrinhos lotados de mercadorias enchem os elevadores do.hotel, localizado ao lado do Total Shopping, com 180 lojas _ outro estabelecimento do gênero, o Mega Polo Moda, também tem hotel próprio e 400 lojas.
Às quatro da manhã, mesmo com o frio paulistano, ouve-se uma barulhada na rua: é uma feira, com artigos mais. baratos, muita pirataria, que atrai sacoleiras e compradores vindos de ônibus até de outros estados. Nos estacionamentos próximos, há lugar para 60 ônibus!
Pessimistas dirão que estes dois casos representam a busca por peças mais baratas, muitas vindas da China. Pois fiquem sabendo que, em dezembro, época das euforias de vendas natalinas, o Brás estava às moscas.
E se o problema é conferir atacados de maior luxo, tanto a Fenin como a Francal deram sinais de um verão alegre, bem vestido e bem calçado. Não foram feiras com recordes de expositores, mas quem acreditou, se deu bem. Marcas como a Ellebelle, que convocou a gata Juliana Paiva e a Rondinne com a simpatia do Sergio Marone, provaram que as celebridades agitam os lounges. Coleções bonitas também provocaram mesas cheias de compradores. Basta ter visto as salas da Cecconello e do Jorge Bischoff, para entender as boas vendas: são coleções lindas!
Volto para casa animada, aguardando o segundo semestre, quando estes lançamentos vão para as vitrines. Espero que a mensagem otimista do atacado se estenda ao varejo e que reabram as muitas portas fechadas da moda.