Um bom encontro de empresários, lojistas, assessorias, fotógrafos, modelos, mais os criadores do assunto movimentou o quinto andar do Museu de Arte do Rio, mais conhecido como o MAR. Todos muito animados, emocionados e empolgados com a perspectiva de voltar a se apresentar na cidade onde atuam prioritariamente. A causa é o RioModaRio, movimento capitaneado por Carlos Tufvesson, que seduziu Luiz Calainho, que atraiu o pessoal da Dream Factory. Este trio conquistou a confiança da Firjan, da Natura, da Gol e da KLM.

Como resultado destas manobras, que rolam desde setembro do ano passado, nasceu o RioModaRio. Que é mais do que um evento ou uma simples semana de desfiles _ trata-se de um movimento, que vai evoluir ao longo destes meses, sempre enfatizando a moda como fenômeno de Arte, Cultura e Criatividade, de 14 a 17 de junho.

Alguns pontos importantes ainda estão em andamento. Por exemplo, a agenda de desfiles, que deve chegar a quatro por dia, começando às 16 horas, nas salas do Pier Mauá. Por enquanto, Carlos Tufvesson liberou estes nomes: Lenny (que vai desfilar em São Paulo, mas pretende fazer algo no RMR), Patricia Viera, Isabela Capeto (que fará Rio e São Paulo, com coleções diferentes); Osklen, Alessa, Blue Man (nossa, como a Sol, da família Azulay, está linda, loura!), Paradise (do Thomas e do Patrick), Martu (da Marta Macedo, um super nome na área de noivas e festas), Guto CarvalhoNeto. Outros prováveis participantes: Mara Mac, Salinas e Ivan Aguilar (moda masculina e feminina, baseado em Vitória. Muito bom!). Estes desfiles contam com a supervisão e conceito do craque Gringo Cardia. Para começar, já há várias opções de montagem de salas, com possibilidade até de instalações, em vez de desfile clássico.

Outro ponto, que nem foi tocado no lançamento, porque deve ficar no âmbito das negociações é a maneira de participar das grifes. A primeira informação, de boa fonte, fala de uma espécie de carta de crédito cedida a cada grife, para montar sua apresentação.

Vejam destaques de cada apresentador:


Carlos Tufvesson lembrou deste ciclo que se encerra na moda, da busca por novos formatos. Daí, ter procurado Calainho, produtor de sucesso que conta no currículo com o ArtRio e produção de musicais como sócio da empresa Aventura. Apesar de tanto empenho na criação de um evento de moda, ter conversado com tanta gente, Tufvesson humildemente disse que só estava lá para se emocionar e pediu aplausos para a moda brasileira.

Calainho, no escuro, atento às palavras dos colegas de apresentação

Luiz Calainho já começou demonstrando algum apreço pelo mundo fashion, a bordo de uma calça super skinny, camiseta e blazer pretos. Gosta da palavra provocação, acredita no país, apesar deste momento e prevê que dentro de um a dois anos saímos desta (uf, tudo isto?). “Moda é uma forma de Arte! O segundo maior empregador do Rio de Janeiro. Vamos valorizar também o consumidor”.

Eduardo Eugênio Gouvea Vieira, presidente da Firjan, estava em grande momento. Falou claro e simples, bem humorado. Comentou que há 15 anos tenta ajudar a moda, porque cerca de 200 mil pessoas vivem nesta profissão, no Rio de Janeiro. “Depois de dois anos em silêncio, vamos apostar no RioModaRio. Tem tudo para ser também uma agenda de inclusão social _ podemos conquistar jovens para a indústria da moda. A marca Fashion Rio está guardadinha, esperamos não voltar a usá-la.”.  Anunciou que a Casa na rua São Clemente estará pronta em agosto de 2017. No final de sua rápida fala, reforçando a impressão otimista comentou que na segunda-feira estaremos todos mais leves…

Profissional da área de petróleo, ingressando agora no setor de sucos, com a marca Green People, Eduardo Eugênio afirmou que não tem intimidade com a moda. Ah, menino: quem escolhe aquele blazer rosé que estava vestindo tem que ser íntimo do nosso universo…

Duda Magalhães (de camisa branca) e Luiz Calainho 

Duda (Eduardo) Magalhães, diretor da Dream Factory (só para citar um feito: o Rock ‘n’Rio) ficou com a parte mais detalhada. A apresentação mostrou que haverá palestras (workshops nas faculdades e ciclos na Casa do Saber), uma atenção especial aos novos estilistas, um prêmio RioModaRio, um intensivo de comunicação através de mídias digitais, rádio, TV, assessorias Approach e Multifato. Calainho deu aparte, avisou que a festa de premiação será no Teatro Riachuelo, em novembro, onde era o Cinema Palácio, na Cinelândia (lindo, só o corredor de entrada já vale). Os desfilantes terão pop up stores, para vender peças das coleções desfiladas (tipo Kanye West, em NY) na primeira semana de junho.

Ampliar o alcance da moda faz parte do conceito do movimento RioModaRio. Para tanto, integram-se no período de semanas até os dias de desfiles, experiências de gastronomia com DNA carioca, como o bolinho de feijão do Aconchego Carioca, o sorvete Mil Frutas e as bebidas Green People. Obras de Arte preencherão os corredores, pocket shows acontecerão após os desfiles. “Queremos criar conteúdos além do desfile: acontecerão cafés da manhã, eventos culturais, como na Feira de Milão.” A partida do RMR será um happening em uma casa no alto da Gávea, com direção do Gringo Cardia, relembrando e homenageando quatro grifes e nomes na moda carioca: Mauro Taubman, da Company; Maria Cândida Sarmento, da Maria Bonita, Georges Henri e Simon Azulay, da Yes, Brasil. No sábado de manhã um desfile com peças das coleções será aberto ao público na Praça Mauá.

Eis que chega Antonio Pedro, secretário de turismo da cidade. Completou a simpatia dos apresentadores, comentando sua própria chegada, esbaforido porque preferiu escapar do trânsito vindo a pé pela orla. “Sei que não é muito adequado chegar assim em um evento de moda. Mas vai ver que até combina com o espírito carioca, tão informal, meio esculhambado…”. Como secretário de turismo,  lembrou de associar o RioModaRio às Olimpíadas – ‘duas formas de atrair turistas para o lifestyle da cidade”.

Meu comentário: tudo já foi feito, em matéria de semana de moda. Obras de arte permearam ambientes, pocket shows perturbaram nas beiradas do Pier Mauá, food trucks, champanhes, palestras. Até mesmo desfile ao ar livre, pouco antes da inauguração do lindo Museu do Amanhã, no último Fashion Business.

Mas desta vez, há um otimismo contagiante, uma intenção de surpreender, que permite prever sucesso. A dupla Calainho/Duda admite que este tipo de produção não pega antes de pelo menos cinco edições, estão preparados para isto. São profissionais fora do circuito (bem fechado, diga-se de passagem) da moda, mas com experiência em áreas também bastante complicadas, como música, teatro e artes plásticas. Se ouviram pessoas certas _ a começar pelo Tufvesson _ podem aprontar muitas emoções para o carente, desconfiado e bravo povo da moda brasileira (sim, porque as portas estão abertas para participantes dos outros estados) / só tenho uma dúvida. Lembrei de um desfile da Osklen, em Santa Teresa, quando subimos de van e tivemos que descer a pé até a Glória. Vou começar a treinar a descida da rua João Borges / JUntei o nome do evento. Achei RioModaRio tão simpático…