Um encontro que deveria ser um workshop, e acabou tendo boa interação com a platéia foi o resultado da apresentação da marca Ampelmann no auditório do Senac Rio, em Copacabana. O alemão Markus Heckhausen contou a história de sua marca, a Ampelmann, de Berlim e o nipo-americano Nobu Yukiogata, do Oestudio, falou sobre o trabalho do estúdio e seus mais de 30 funcionários, aqui no Rio. Markus contou sobre a grande sacada de ter apostado no revival do bonequinho dos sinais de trânsito de Berlim Oriental.

Depois da queda do muro, em 1989, a Alemanha passou pela crise de absorver as duas Berlins em uma só. Uma das vítimas a ser substituída era o boneco dos sinais, que começou a ser retirado e jogado no lixo. Markus observou que seria um modo de melhorar a auto-estima dos alemães ex-orientais, inventar objetos com valor de design com os bonecos. Há dez anos, começou a criar luminárias, toalhas de banho, camisetas, jarrinhos (que chama de Cavaleiro da Rosa), livros, uma linha de roupa de bebê. Abriu lojas, foi elogiado pela imprensa por ter recuperado um símbolo da cidade.
Claro que os sinais de trânsito voltaram a ter os bonecos de chapéu. E a marca Ampelmann cresceu, com produção praticamente toda feita na Alemanha oriental, o que ainda por cima resolveu parte do problema de desemprego do lado ex-comunista. Forminhas de biscoito, saca-rolhas, balas de goma, tudo foi criado. As bolsas são lindas – dá logo vontade de ir a Berlim para comprar uma.
“Agora pensamos no projeto da Ampel Land, um centro temático, com café, galeria, loja e uma fundação. Um restaurante italiano, porque a bandeira da Itália tem as cores do Ampelmann, verde e vermelho. Talvez depois um clube, um hotel, uma companhia aérea… “– completou, brincando o elegante alemão.
Já Nobu, lutando para falar português, explicou que parte do sucesso do Oestudio se deve ao brainstorming feito com a equipe. “Os jovens são essenciais, para renovar as idéias”. E falou principalmente da importância de estudar o POV ou point of view, o ponto de vista de um produto, do cliente e da própria criação no design. Confessou-se encantado com o projeto Ampelmann, que surgiu de um símbolo e virou uma marca importante. “Como crescer sem vulgarizar uma marca, como é o branding de vocês?” perguntou ao alemão.
A resposta foi simples.
“Crescemos de acordo com o mercado. Há uma demanda por novos produtos, e se não atendermos, outros atenderão. Então, tratamos de crescer, sempre prestando atenção no risco da monotonia, da repetição”.


Ana Lavaquial, gerente de moda e beleza do Senac, encerrou a noitada, que passou do horário marcado (era 21h, passou das 21h30), sinal de sucesso. Do lado de fora, a vitrine com alguns produtos Ampelmann foi admirada pela platéia a caminho do trânsito carioca. Sem Ampelmann nos sinais.

fotos Ines Rozario

A Alemanha é meio low-profile como lançadora de moda. Mas devemos algumas idéias aos estilistas e designers germânicos. Vejam a lista:
Birkenstock, as sandálias de solado de cortiça, anatômicas.
Adidas e Puma, as duas marcas dos irmãos Das, dos melhores tênis que existem
Street Fashion: esta mistura de roupa de skate, jeans e rua virou moda oficialmente nas seções de roupas jovens das lojas de departamentos alemãs
E para quem achava que Dr. Scholl, o dos tamanquinhos,era alemão, aviso que era americano.