Cacay, pra vestir já

Fotos Ines Rozario

Mas tem que esperar um pouco, porque esta coleção da Cacay se destina aos guarda-roupas do verão 2025/26. A inspiração tem jeito de Nordeste e Brasil, reforçada pela trilha de forrós, xaxados e clássicos como Aquarela do Brasil e Trem das Onze. A locação também foi importante, porque, pelo menos para mim, revelou que o Hotel Nacional, projeto do Oscar Niemeyer, está de vento em popa. Parece recém-inaugurado, com o mobiliário design, piscina e jardins impecáveis, espaço para crianças e até uma imperdível sorveteria, da Freddo.

Voltando à coleção, vista por representantes e compradores, traz a estampa como ponto forte. Maioria de vestidos longos, confirmando o que vimos na Maria Filó, macacões, calças com vestes longas, de belo efeito na passarela alta montada no jardim. As cores nos tons quentes, quase sempre. Mas há lugar nos futuros cabides para azuis e verdes. Flores recortadas enfeitam decotes na frente ou nas costas, coqueiros aparecem em estampas localizadas ou em bordados, sem ficar visual caricato ou folclórico. 

Foi um belo desfile, um pouco longo, como um look book para vender as propostas para a plateia compradora. Tanto que, além dos longos, passaram looks de bermudas e minissaias, um malha listrada de preto e branco, meio deslocados entre o conceito geral. Ué, vai que agradam à plateia? 

Quanto à marca, a informação que tive foi que é carioca, e só. Na noite do desfile, as atenções dos proprietários deveria estar voltada para as vendas. E se a entrevista não é feita na hora, dificilmente será feita depois, tem que ser no calor da festa. Mesmo sem satisfazer nossas perguntinhas, tomara que as vendas tenham sido boas, a Cacay merece estar em vitrines e closets de bom gosto.

E mais: Já publiquei um comentário sobre este evento no <jb.com.br>, compartilhado com o Facebook. Quis acrescentar aqui no site, minha praia de arquivos com mais de três mil posts desde os anos 1990 / certos eventos têm um astral tão bom, que vão além do desfile e das roupas. Este da Cacay foi um deles. Quando acabou, a turma de imprensa se reuniu na sorveteria e ficamos horas conversando, nos divertindo, uma raridade na correria das atividades ligadas à moda. Schnabl (que lembrou da Freddo), Zequinha (fotógrafo sempre animado, de nome diminutivo para 1m90 de altura), Otavio (conhecido como Cigano, que manda e desmanda nas semanas de Lisboa), Ines (a dona das fotos). Concorrentes? Sim, mas também amigos debochados, divertidos e, quando é preciso, sérios, de algumas décadas.