22h15
A festa de Parintins dividiu a sala em passadeira azul e outra, vermelha. Cada módulo da coleção passou por um lado. O boi Caprichoso e o Garantido (adoro estes nomes)ganharam esta homenagem da equipe de estilo do Alberto Hiar. Jogado este conceito, o que se viu foi uma ala de roupas mais brasileiras, no sentido visual da palavra, e outra ala, mais européia, com ares de Londres. Por que não? Quem disse que roupa francesa tem que ter dançarinas de cancã e a espanhola, só toureiros e dançarinas flamencas? Um Brasil representado em estampas digitais de índios também resolve, e basta lembrar da obra de Glauco Rodrigues para sacar vários padrões de estampas sem folclore. A Cavalera foi além das estampas, continuou um trabalho de artesanato, visto nos vestidinhos bordados com pontos de haste, cheios, delicados, com a ingenuidade quebrada pelas peninhas arrematando os bolsos, e na incrível calça masculina em renascença. E mais, a oncinha, que faz sapatos afivelados, de bico fino, muito punks. E muito Brasil, já que onças ainda sobrevivem no Pantanal, Amazonas, por aí. Este toque nativo se equilibrou com calças de veludo, perfectos xadrezes, vestidos em renda vermelha e trench-coat em quadriculado vermelho ou calças masculinas com tiras de contenção, em xadrez escocês também vermelho.
Já leram isto, veludos e xadrezes antes, neste mesmo evento? É o lado londrino da semana, explorado de várias formas por muitas marcas.
Na Cavalera, deu certo, ficou global. Como show, perdeu para o primor do desfile mágico do verão, com modelos levitando. Faltou o toque irreverente da Cavalera.
22h25
Ficha
Direção geral: Alberto Hiar
direção criativa: Marcelo Sommer
estilo: Fabiano Grassi, J Pig, Igor de Barros, Caroline Moliere
direção de desfile: Alberto Renault
Luz: Maneco Quinderé
styling: David Pollack
Beleza: Robert Stêvão
trilha: Max Bloom
Intervalo / a internet da sala de imprensa é tipo montanha-russa. De vez em quando dá uma queda, de tirar os nervos do sério. O incrível é que ninguém grita e esperneia, diante de textos perdidos. Primeiro, antes de dar chilique, tem que resolver, recuperar o que puder. Ligar o notebook, abandonar o desktop com lindo monitor da AOC, completamente mudo. Sair procurando sinal de wifi pela sala, com o note na mão, começar a rebater tudo. Nisto, alguém da tecnologia começa a mexer no desk, onde estavam o gmail mudo e o texto inacabado. E tudo volta ao normal, uf / a Victor Hugo tem um hit, a bolsa York, em couro de avestruz. Custa R$ 18 mil e tem 18 adeptas em fila de espera. Crise, onde? / um endereço delícia em SP, o Le Vin, na Alameda Tietê, quase esquina da Augusta. O mignon au poivre é perfeito. As sobremesas, ovos nevados, creme brulê, tão grandes, que podem ser divididas / dia 9 de fevereiro começa o Liquida Porto Alegre, tradição no sul, com desfilão previsto aberto ao público, na esquina democrática, a Borges de Medeiros com Salgado Filho. É uma temporada de descontos até 70% em tudo, geladeira, TV, sapatos, roupas, tudo / nas agendas das semanas de moda, ninguém substitui o Ricardo Almeida, o foco masculino formal e requintado
Reinaldo Lourenço, super-decô
12h45
Passarela prata, fundo com relevos geométricos, filme Metrópolis (tem que ter no acervo, quem faz moda), peças em ouro e prata com recortes robóticos e volumes triangulares nas saias. Casacos de nylon acolchoados, de astronauta. E Reinaldo, mestre dos tecidos refeitos, agora em gradeados que fazem vestidos simples, de comprimentos nos joelhos. Mais Reinaldo, nos modelos em cetim de seda, ajustados na frente, soltos e arredondados nas costas. Os anos 20/30 do século passado, época de crack na bolsa de Nova York e depressão na Europa (coicidências, nâo?), também foram a fase da alegria das melindrosas e do surgimento das jazz bands. Por elas, a coleção inclui vestidos franjados em verniz preto, prata ou vermelho.
Lembra Balenciaga, pelos volumes e recortes. Mas tem o talento depurado do Reinaldo.
13h
Ficha
stylist:Monica Florencio Fernandes
Make: Melissa Gibson, para MAC
Cabelos: Marcos Proença
Estilo: Samara Sá, Danillo Rodrigues, Eva Coutinho, Thaís Lima
Sapatos: José Zorzella Neto
intervalo / na fila A, o solado vermelho dos sapatos de Flavia Alessandra. Será Louboutin? / falando em sapatos, Viviane Orth chutou os seus, na passarela. Muito grandes, nem com palmilha seguraram / bonitões, os colares-gargantilhas