O universo dos grandes estilistas de sapatos supera os nomes de Ferragamo, Roger Vivier e o mediático Manolo Blahnik. O parisiense Christian Louboutin aterrissa hoje no Brasil, para contar sua história e inaugurar a loja no shopping Iguatemi, em São Paulo.
Louboutin é o criador do momento, graças à sofisticação de seus modelos, que não perdem o valor artesanal e o toque do fetiche. Capricorniano, parisiense do 12º arrondissement (região de Bercy, Nation, na margem direita do Sena), quando criança se impressionou com um desenho da década de 50, de uma mulher de salto agulha vermelho, nas paredes do Museu da Arte Africana. Na época, os sapatos altos estavam fora de moda, mas a imagem marcou.
Aos 15 anos começou a conviver com o submundo da noite de Paris, as noitadas no clube Le Palace, ponto de encontro de estilistas, modelos e ícones dos anos 1980. Logo foi indicado como aprendiz no Folies Bergeres, onde desenhava sapatos para as dançarinas. Daí, desta experiência, aprendeu a unir a beleza e o conforto nos calçados e passou para as marcas de moda. Trabalhou para Charles Jourdan, Dior, Chanel e Yves Saint-Laurent.
Mas no final dos 1980, diante da onda japonesa da volta da moda desglamurizada, minimalista, de mulheres calçando sapatos masculinos, o estilista trocou a moda pelo paisagismo.
Até que soube de um espaço disponível em uma obscura e empoeirada galeria, a Vero-Dodat, próxima ao Museu do Louvre, e decidiu voltar a desenhar sapatos. Mesmo distante do então circuito oficial da moda de Paris, dos Champs Elysées, da Avenue Montaigne e do Faubourg Saint-Honoré, seus lindos modelos com pedras, lacinhos, flores e a sola vermelha chamaram a atenção de consumidoras como a princesa Caroline de Mônaco e da imprensa de moda americana, sempre em busca de novos endereços.


A beleza e o conforto das coleções agradam a quem gosta e pode pagar os 700 dólares que custam, no mínimo, os luxuosos escarpins. Nicole Kidman, Gwyneth Paltrow, Madonna, Cate Blanchett e a dançante Tina Turner são algumas das adeptas do discreto capricorniano. Discreto e agora famoso, com direito a retrospectiva no Instituto de Moda e Tecnologia de Nova York no ano passado, figurino para filmes de David Lynch e venda de produtos em 46 países. O Brasil é o número 47, vamos ver de perto a arte de Christian Louboutin, os sapatos de sola vermelha e a inspiração nos saltos-agulha dos anos 1950.