Moda abrange muita coisa. Além de roupas, perfumes, decoração e maquilagem, inclui movimentos e comportamentos. Portanto, pode-se dizer que crise está na moda. E a anunciada volta de Michael Jackson aos shows. Os dois assuntos ocuparam as notícias nos canais de Tv internacionais.
O que não abala a animação dos adeptos dos desfiles de Paris. A função começou ontem, com público reduzidinho, porque muita gente ainda está chegando de Milão. Sobre os desfiles italianos, o que se ouve é que foi uma semana sóbria, com propostas feitas para usar. Ou melhor, vender. Sem exageros conceituais. Com pelo menos dez desfiles a menos na agenda.
Giorgio Armani criou para “uma mulher de personalidade forte, que vai resistir à crise”, o que significou longos pretos de tule sobre calças em jérsei, alternando transparências e bordados. No lugar dos saltos altos, botas baixas. Jil Sander foi homenageada pelo atual designer, Raf Simons, com vestidos curvilíneos, com recortes de cor, misturando neoprenes e formas esculturais inspiradas por obras de um ceramista francês. E Miuccia Prada não decepciona. Mais uma vez reinventa moda, partiu de um tema campestre, jardins, para mostrar cardigãs com shorts de couro, botas longas. Muito preto, porque é roupa de inverno e porque, segundo a estilista, “é difícil ser positiva, nestes tempos. Mas estou numa boa”.

Pucci e Gucci deram o toque roqueiro, insistindo em vestidos curtos, de bolas pretas em fundo rosa, ou nos jeans justos e coletes peludos.

Cenas de camarim. Olha o laçarote da maquiadora! …………………>

E agora, começa Paris. Muito show-room, muito vídeo, em lugar de desfiles de verdade. Muitas salas fora do circuito central, muito tempo procurando lugares em pontos mais distantes. Tem que ser de metrô, porque ônibus e tåxis enfrentam engarrafamentos que atrasam a chegada dos convidados. De um lado, professores protestam contra a contratação de gente não formada para ensinar nas escolas; do outro lado, médicos e funcionários de hospital, pedindo salários e mais investimentos na saúde. Pára tudo.

Mesmo assim, o mundo da moda sobrevive. Neste primeiro dia para valer, Gareth Pugh apresentou enrolados e alfaiatarias quase sempre em preto, com ombros marcados…em vídeo, com apenas uma modelo loura-vampiresca. Sem gastar com luz, elenco de modelos, equipe de beleza. Anne Valerie Hash enfatizou o caminho do masculino-feminino, com toques mais delicados no final da coleção.

Acaba sendo importante contar com corajosos como Lie Sang Bong na semana de moda. O estilista coreano usou os belos salões do Grand Hotel, ao lado da Ópera, convocou as beldades polonesas, russas e orientais e usou um aparente estilo africano na coleção.
Digo “aparente”, porque havia tigres e selvas, mas no camarim, ajudado por uma assistente, ele explicou que não era África, era Oriente puro. Teve que apelar para a assistente porque não fala inglês nem francês. Nas araras, vendo de perto, se destacaram os vestidos feitos em plástico molinho, com estampa de tigre, todo picotado a laser, fixado sobre um tecido jacquard. Na passarela, foram usados sobre macacões de malha elástica. E botas de cano nas coxas, plataforma alta, em couro metalizado cobre. Este é o lado mais explícito do Tigre Oriental, o “wild life” como ele define. Mas há também a série de vestidos em estruturas de ombros, em preto, os casacos em couro recortado em metalizado cobre e os belos longos negros com pregas que viram do avesso e mostram uma face rosa-magenta.

Esta é a polonesa Lucyna, uma das belas da semana, da agência Marilyn ………………………………………………………….>

Nesta fase esquisita, os novos aproveitam para entrar na roda. Hoje à noite, em ritmo de DJ e festa, desfilam alunos do grupo Generation 10, recém-formados no Instituto de Moda de Arnhem, na Holanda. É bom guardar estes nomes: Linda Valkeman, Marloes Blaas, Lisa Weinberg, Felicia Adelina Mak, Rudolph Oniel Holmond, Roos Koster e Maryam Kordbachech. Vai que eles ficam famosos e daqui a pouco tempo assinam grifes famosas?

A grande expectativa de amanhã é o desfile Lanvin. Primeiro, porque é sempre lindo. Segundo, porque há o boato de que Alber Elbaz, atual estilista e acionista da grife, estaria saindo da casa.

estes são os arranjos de orquideas no Grand Hotel, todos brancos em vasos brancos. Simples e chique……>
Intervalo / fico sabendo que Hubert de Givenchy vai mostrar figurinos que criou para Audrey Hepburn no Brasil. Assim como Kenzo Takada, Monsieur de Givenchy está fora do circuito oficial da moda, desde que vendeu a marca para o grupo LVMH. Vale ver de perto as belas roupas que lhe deram fama / querem saber do clima parisiense? De manhã, zero grau; de tarde, oito. Nada que uma camiseta, uma camisa, um suéter rulê, um casaco de verdade (de lã, enquanto não chove; de nylon, acolchoado, se chover), uma meia-calça grossa e uma calça comprida não resolvam. Ah, e o cachecol. Luvas, só quando venta. Sério, é perfeitamente suportável. Mais do que os nossos quarenta graus do verão / um hotel para reservar: o Marignan, na rue de Marignan, pertinho da Avenue des Champs Elysées. Nathalie Richard, a proprietária é linda, morena e jovem, está redecorando o prédio inteiro. Mas os quartos são ótimos, travesseiros de sonho, cama de princesa, cabides de verdade. Não são aqueles usados na maioria dos hotéis, com gancho fixo no armário. Tem até cabide forradinho de cetim, para roupas mais delicadas. Quem reserva no Brasil é a Marisa Vianna, da operadora X-Mart