Didier Grumbach abre SPFW com briho

A edição traduzida do livro Histoires de la Mode, lançado no final dos anos 90 ficou melhor do que a origina l francesa da Seuil. Uma capa dura, com fotos dos anos 60, projeto gráfico de Maria Carolina Sampaio valorizou a edição da CosacNaify. O livro-referência Historias da Moda, escrito por Didier Grumbach, presidente da Federação Francesa da Moda, abriu os trabalhos do verão 2009/10 da São Paulo Fashion Week.
Além de pacientemente assinar os livros, com caneta dourada, Monsieur Grumbach deu uma palestra sobre a evolução da moda parisiense. Todo moderno, com paletó marrom Issey Miyake, com pespontos que davam ares amassados, ele deu lições de como defender a moda do seu país e pontificou sobre o destino dos novos estilistas. “Eles devem ter um sócio minoritário, que trate das finanças. O grande desafio dos novos é manter a criatividade, o lado artístico e ao mesmo tempo gerar uma empresa que dê lucros, que seja financeiramente viável”, aconselhou.

E as marcas consagradas? “Estas devem ser renovadas antes que envelheçam junto com as clientes. Quando Hubert de Givenchy me perguntou o que deveria fazer com sua marca, respondi – “venda, e bem caro!”. Foi o que ele fez, o que não impediu que chorasse quando viu o estrago que foi feito depois com seu nome”.

Sobre a moda brasileira, primeiro foi diplomático, alegando que Paulo Borges saberia responder melhor do que ele. Depois engrenou a sério.”O problema inicial é a estação contrária, depois, os problemas de logística. Temos cada vez mais coleções, Chanel faz oito por ano! O Brasil tem um savoir-faire inigua láve l, destaco os jeans e os produtos em couro. É preciso trabalhar de forma regular, saber concorrer com as redes de fast fashion”.

A propósito das crises econômicas, repetiu o que sempre diz, durante as semanas de desfiles em Paris. “A crise atual vai mudar a maneira de fazer moda. Um desfile, serve para que? Quando acontece, as peças serão lançadas pela Zara muito antes do seu criador conseguir produzir. O certo será ter uma gama de produtos que não são muito moda, e mostrar uma coleção de alta-costura, para a imagem. “
E mais. “Se um criador faz um desfile, não espera uma grande cobertura. Porque as revistas só valorizam quem anuncia em suas páginas. A imprensa não pode se permitir dispensar a publicidade. A solução pode estar na internet, temos que descobrir a forma certa de utilizá- la”
Muitas marcas tradicionais estão voltando a fazer sucesso. Thierry Mugler voltou a fazer moda, graças ao perfume, que vende muito bem. A marca Vionnet, no entanto, não é revivida, porque ninguém conhece, não tem um perfume associado e não gera mais energia nenhuma. O dinheiro é um dos fatores importantes, mas é apenas mais um fator. Mais importante é a energia”.
Por fim, “atualmente, um criador deve começar mostrando o prêt-à-porter, depois faz a alta-costura, pela imagem. Se começar pela alta-costura, arrisca permanecer a vida inteira como artesão”.