Certos desfiles surpreendem. Cada um de um jeito, pela coleção, pelo elenco, pela música. O Marcelo Sommer tem suas características. O mínimo que já fez foi um desfile ao meio-dia na rua Augusta, em pleno sol. Mas o estoque de idéias é inesgotável, e hoje a façanha foi deixar o lado ímpar da sala sem desfile. As modelos entravam, rodeavam, circulavam e saíam direto, deixando de lado metade da sala. Não é fofo?
Espichando o pescoço (um bom tratamento anti-rugas, obrigada, Marcelo), distingui roupas meio-a-meio, metade poás e metade xadrez; metade tweed e metade veludo. Vestidos de saia rodada usados com botas de cano longo e calças de montaria com batas de renda preta. Dizem que havia jóias em ouro e diamantes champanhe, que havia tecidos da Renaux em xadrez, maquinetado. O lado par da sala deve ter visto tudo, perguntem para eles.
Uma pena, Marcelo é cara de talento comprovado. Alguém devia contar para ele que um mau desfile desvaloriza a roupa.

Ficha
Criação: Marcelo Sommer
Styling: David Pollack
Cenografia: Pierre Balestrieri
Beleza: Roberto Stevão
Música: Paulo Bega

Intervalo / não é incrível? Desfile para metade de uma sala, que desperdício / a semana paulista podia acabar hoje, era só começar às 11 horas e encaixar os desfiles de amanhã nos dias anteriores / A Shoestock da Vila Olímpia é uma perdição. Preços máximos em torno dos R$ 189,90. Ainda não tem no Rio, mas as vendas online estão bombando. Para o inverno 2011, predominam os cinzas, camelos, caramelos, pretos e dois tons de vermelho, um vivo e outro rosado. Linda coleção, com botas de todos os tipos, inclusive a over knee (acima dos joelhos), muitos mocassins, poucas plataformas e oncinhas a valer. Nos couros estampados, a avestruz derrubou a python