Poderia dizer que Lino é hors-concours, sempre artesanal e artístico, um show único. Só que neste desfile há uma simplificação surpreendente. Se não fosse o styling que trocou sandálias e sapatos por meias furadas, seriam propostas para tirar da passarela e ir arrasar nas festas. O tratamento e a modificação dos tecidos continua, reinventando o colorido em degradês, trabalhando as minúsculas nervuras ou criando patchworks inesperados. Superficialmente, é uma coleção mais simples, com formas marcadas por bordados, como se fossem broches, mesmo sobre as sedas estampadas. Quer dizer, uma coleção-joia, impecável.

E mais: se foi a necessidade de se aproximar da consumidora ou uma vontade de vender mais, não importa: esta coleção demonstra o talento de um grande criador brasileiro. Criar fantasias e alegorias é fácil para quem domina modelagem e bordado. Difícil é criar moda de bom gosto, com esta personalidade do Lino / no camarim, Lino explicou que seguia um momento do país, propondo esta moda. Quando um rapaz da produção pediu passagem para retirar as roupas, Lino não deixou que interrompesse as entrevistas. ” Agora não, vamos acabar as perguntas. Não é assim que eu faço, vamos fazer do meu jeito” / Tá certíssimo, o Lino