Um duplo final feliz: primeiro pela vitória da faculdade católica de Fortaleza no concurso dos novos talentos. A coleção inspirada nas bonecas feitas de cabaça estava bonita, luxuosa e muito bem acabada. Em segundo lugar, ficou a universidade de Minas Gerais e em terceiro a outra instituição local, com o tema Lixuria. Um resultado justo.

O segundo motivo do final feliz foi a apresentação do Lino Villaventura, encerrando o Dragão. Mesmo sendo a coleção já vista em janeiro em São Paulo, conseguiu reencantar a platéia, bastante cansada dos atrasos no último dia.  Os vestidos curtos e longos em tecidos retrabalhados, com visual lembrando  nervurados e encrespados, quase todos em preto, contrastaram com os modelos do final do show, em estampas multicoloridas como tapeçarias. Para os homens, repetiu o bom-humor das camisas com estampa localizada de coluna vertebral nas costas.

Foi uma aula de moda e desfile, coerente e bem editada. É uma característica do Lino, um perfeccionista que aproveita ao máximo a beleza das modelos. Fazer parte do seu elenco é garantir belas fotos no book.

Intervalo / o Dragão Fashion Brasil é um evento muito bom. Nota-se que há dificuldades de estrutura profissional, faltam stylists que realcem os valores das coleções. Isto acontecia também nas primeiras edições da São Paulo Fashion Week e no Fashion Rio.

A agenda é outro ponto importante, que só pode ser resolvido com a persistência no evento, para incentivar os criadores a participar, e mesmo para descobrir estes criadores.

A distância dos centros formadores de opinião, que contam com jornalistas experientes pode ser um pequeno obstáculo. A malha aérea obriga a escalas e trocas de avião, há poucos vôos diretos. Há quem fique com preguiça de sair do Rio, por exemplo, fazer conexão em Salvador, escala em Natal ou Recife e finalmente, chegar a Fortaleza. Se lembrarmos que vários destes jornalistas enfrentam 11 horas de vôo para Paris, para ver os desfiles, vale pensar que prestigiar um evento nacional vale o transtorno aéreo.

Os destaques vão para os desfiles masculinos, da Athos e Skyler, como shows. Para as coleçòes da Joiola, Vitorino Campos, Mark Greiner, Ivanildo Nunes, Dona Florinda e Kalil Nepomuceno.

Lino Villaventura e Marcia Ganem são hors concours.