Segunda-feira de chuva, assim Paris parece mais Paris. Mas o céu azul de ontem ajudou a dar mais vontade de usar as cores e estampas de verão do Dries van Noten. Para dar mais clima, a sala em um prédio comercial na Place Vendôme era um verdadeiro forno. Ainda bem que termostato de convidado funciona assim: vai dando desespero de calor, tira-se o cachecol, o casaco, a suéter e quando se está prestes a desmaiar, começa o desfile. Aí, ninguém mais sente frio, calor ou cansaço.
Pois valeu ter esperado em pé pelo Dries (quando o lugar não é fila A, quem tem menos de 1m70 vê melhor se ficar em pé. Sentada atrás dos gigantes europeus, não dá certo.
Foi uma coleção que voltou às estampas, com ikats, padrões orientais dourados, em modelos com repuxados e apanhados de tecidos em formas assimétricas. Há calças de barra estreita e quadris soltos, um pouco curtas – acima dos tornozelos.
Barbara Bui também fez bonito. Bonito não, lindo. Para mim, pegou o lugar de Balmain nesta temporada, graças ao jeito roqueiro dos vestidos com paetês e fios pendurados, aos casacos com recortes tipo richelieu, técnica que também rendou as calças jeans. Muito bom, o show, que acabou com o Walk on the wild side. Bem rebelde, bem rock.
Outro destaque, Givenchy. Foi no liceu Carnot, onde o van Noten desfilou em março. Um colégio que teve muitos alunos judeus mortos em campos de concentração na 2ª guerra. Na quadra de jogos passaram os vestidos curtos, montados em camadas de plissados e drapeados, os mais bonitos em estampa quase optical, lembrando desenhos bizantinos, art-decô, estas referências que na hora vêm à lembrança de quem assiste nos torturantes banquinhos das salas de desfile parisienses.
Em matéria de banco, um dos mais cruéis foi em uma sala do maravilhoso museu Orangerie. Reformado recentemente, virou um espaço de cimento e luz natural, super minimalista. Lá foi o desfile da Commuun, nunca tinha visto, apesar de ser a segunda vez que se apresentaram em Paris. É uma dupla japonesa, Kaito Hori e Iku Furukate, que até foi bem razoável. Ainda não atraem a platéia de primeira linha, só tinha orientais nos convidados. Mas foram bem nos vestidos brancos, secos, nas calças estreitas, nos drapeados decotadões, alguns com panejamentos franzidos, em azul ou amarelo, em um tecido leve como gazar. Mas o banco…massacrou as costas da galera.
Intervalo / agora, além da agenda enorme de desfiles, há dezenas de show-rooms que valem a pena ver. E salões por toda parte. Ainda faltam Chanel e Vuitton, puf, puf / e a nova H & M na Haussmann? E a exposição Madeleine Vionnet, no Louvre-Arts Decoratifs? E a loja de bichos e plantas perto do galpão Freyssinet, onde acontecem grandes desfiles? E o Chic Outlet, em Marne la Vallée, com preços de saldíssimos? Deste jeito, ninguém tem tempo nem de dormir em Paris