É…ainda que Nova York esteja evoluindo rapidamente como centro lançador de idéias, sem perder a qualidade commercial, Londres vale pelos novos talentos e Milão crescce a cada temporada, Ainda é Paris que detém aquele ar estranho, até a dificuldade de entrar no circuito dos desfiles. Nem adianta chegar chegando, achando que vai convencer uma assessor de imprensa, que chacoalha um maço de papéis com as listas de convidados, dizendo que o Brasil é um dos melhores mercados de moda do mundo, juntamente com a Russia e a China. Ela dá aquele olhar vazio, e diz que sua roupa não vende no Brasil. Sim, e os perfumes, minha filha? Piorou, porque em geral são assessorias e até empresas diferentes que administram os setores.

Então, o melhor é esperar e ver os convites que chegam, com o seu nome em letras caprichadas, de calígrafo. Só por aí, nota-se que são poucos os privilegiados que recebem os preciosos envelopes. Além dos desfiles, há eventos paralelos que merecem ser vistos. Lançamentos de livros, de jóias, até de um grupo de blogueiras assinando sapatos.

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Neste primeiro dia, o destaque fácil foi para o português  Luis Buchinho. Uma coleção clara, leve, com muitos truques de modelagem, saias curtas mais longas atrás, tops de macramé e crochê amarelo ou de lurex cobre. Ok, ele competiu com Moon Young Hee, Nana Aganovich, que foram muito fraquinhas e pelo horário, nào vi a agenda da noite. Mas foi bom de verdade, jovem e elegante. As modelos estavam com rostos quase naturais, cabelos abaixo dos ombros com pontas ondeadas. Sandálias anabelas de tiras subindo pelas pernas ou caídas nos tornozelos. Consigo descrever tudo, porque cheguei correndo, o desfile estava começando e decidi ficar em pé. Melhor coisa, dá para ver tudo muito bem. Quando vi que para sentar só havia os malditos banquinhos coletivos, nem hesitei, dispensei o lugar sentado.

Intervalo / Paris a 27 graus? Nem parece Paris, mais quente do que o Rio / claro, tem o detalhe: o hotel não tem ar condicionado, apesar de ser bom e da cadeia Accor / vôo das 16h20 da Air France é ótimo. No 777 novinho, com telinha de video em todas as classes. Só o Mahjong tem centenas de opções, divididas em fáceis, intermediárias e difíceis / tripulação eficiente, piloto accelerando quando vinha vento contrário (suponho, pelos meus parcos conhecimentos de aviões) / ia tudo muito bem, até que aterrissamos em Charles de Gaulle. Não havia tubo para taxiar. Ficamos quase meia hora esperando pelos ônibus que levariam ao terminal. Quando chegaram, começaram a dar voltas em torno de uma escada externa de acesso a um tubo vazio. Havia vários ônibus despejando passageiros cansados, carregando malas de mão pesadas ou crianças no colo, que tinham que subir a escadaria para entrar no tubo e mostrar o passaporte para segurança. Então, por que o avião não parou ali? /nem sinal da greve prometida para hoje / muito simpatica a acolhida das assessoras de imprensa (as attachées de presse), mandando entrar correndo nas salas, porque o desfile ia começar. Mal olharam os convites. Só fiquei com pena porque a do Buchinho pegou e ficou com o meu, que era no amarelo do momento. Salvei o da Moon Young Hee, perdi o desfile da Fatima Lopes, porque cheguei às 11 horas no hotel. Até que registrasse, subisse, fosse aos Champs Elysées pegar os convites com a Marina Sprogis, perdi o das 13 horas, da Fatima.