Mais uma vez, ao longo de algumas décadas assistindo a semanas de moda, vejo a dificuldade de montar uma agenda de desfiles. Pior do que organizar o sitting e satisfazer a toda a plateia que se acha merecedora de fila A, é decidir quem encerra a temporada. A escolha da Ausländer neste Fashion Rio, definitivamente ficou longe de ser ideal. Se ficasse no penúltimo dia, com uma moda praia em preto e branco, a atitude zumbi das modelos – à frente, uma desorientada russa, de maiô preto com transparências, bem interessante (o maiô) – até ganharia elogios pela coerência da coleção.

Mas último dia, último desfile, tem que ter mais. Já vimos encerramentos da Ausländer, se não me engano em uma tenda de mais de mil lugares, absolutamente apoteótico. Desta vez não deu. Faltou festa, e de festa a Ausländer entende. Dá a impressão que, na ânsia de provar que sabe fazer moda, esqueceram que uma marca não é feita apenas de roupas: ela envolve carisma, estilo de vida, entrosamento com os adeptos, sei lá. Só sei que um desfile pasteurizado não deixa na memória da plateia a lembrança de uma semana que valeu a pena dormir mal, comer pouco, pegar gripe e para quem veio de fora, pagar hotel e passagem.

Fotos Eduardo Alonso