Agora, temos uma apresentação que está virando imperdível, no Brasil. Assim como Chanel, Dior, Vuitton e Givenchy, que nos fazem atravessar oceanos para ter o prazer de assistir, a Reserva se prepara para ocupar este posto, graças ao talento de Rony Meisler. Mais conhecido pela lado marketeiro, frequentemente acusado de só inventar ações distantes da moda, Rony deu um olé com este desfile que encerrou a quinta-feira na Marina da Glória. Ironizou o processo da moda brasileira, que fica entre as cópias e os conceituais, com uma performance que lembrou desfiles da grife Viktor & Rolf. Eu disse: lembrou, não copiou!

Ao som de duas bandas, Os Outros e Beligerantes, com repertório de Roberto Carlos – versões às vezes melhores que as do Rei – os modelos vestiam ternos ajustados, bermudas e camisas cinzentas, bermudas e camisas em jeans lavado ou chambray, jardineira com direito a lencinho no bolso de trás. Além disto, cada um portava um suporte metálico, com um cabide na ponta, onde estavam penduradas fantasias variadas, muitas já serviram de inspiração na moda. As listras preto e branco, de presidiários, os piratas, sempre vistos em John Galliano; e mais palhaços, marinheiros, hábitos de frade, trajes de super-heróis. Um contraste entre a intenção irônica, e a atitude séria dos modelos. No final, todos cantaram Jesus Cristo, eu estou aqui, batendo palmas.

Tinha música, fantasia, conceito e moda na Reserva. Ok, os preços ainda são caros, mas não se pode ter tudo.