Há um caso a pensar no calendário da moda. Se as coleções de verão deveriam ser vistas em março, abril, maio ou até junho (como já vimos, até dois anos), se há compradores para tantos eventos e showrooms, se existe cobertura de imprensa para tantos deslocamentos em busca de novidades. E se ainda existe novidade, neste final de temporada.

Quem conheceu, sabe que esta visão lembra a Fenit nos tempos áureos. Mas é a Fenim, de Julio Viana, em edição NE, em Fortaleza

A realização da Fenim Nordeste prova que tudo é possível, desde que executado profissionalmente. Primeiro, o objetivo de levar para um mercado com boas perspectivas um contingente de marcas capazes de abastecerem as grandes redes de departamentos. Depois, o empenho em formatar um evento com visual limpo, com estrutura impecável de climatização, banheiros. As vendas podem ter ficado aquém das expectativas de alguns expositores, acostumados ao estouro que é a Fenim de Gramado, em janeiro – mas é bom lembrar que foi a primeira vez, ainda falta a cultura de se adaptar a um planejamento de compras nesta época.

Só para impressionar, este é o espaço da futura praça de alimentação do CEC, Centro de Eventos do Ceará 

Para Julio Viana, que há 18 anos produz a Fenim em Gramado e já esteve à frente da Texfair, em Blumenau, “ é preciso plantar a feira primeiro. O sucesso desta edição se confirma pelo fato de termos apenas três ou quatro expositores locais – os outros estavam ressabiados, já havia acontecido rodadas de negócios que não deram certo -, e para a próxima Fenim NE temos 35 marcas inscritas, daqui do Ceará. Eles viram e gostaram do que viram. “

– Estava mais do que na hora de trazer a feira para o Norte/Nordeste. Fortaleza foi eleita por ter uma boa logística, um dos melhores aeroportos do país (quando se chega à esteira de bagagens, as malas já estão lá, rodando) e um excelente centro de eventos, recém-inaugurado.

– O Brasil é muito grande. E de 20 anos para cá, o Norte/Nordeste mudou muito. Não é mais o pior lojista, ninguém mais manda a pior mercadoria, as peças com defeito para cá. É a região com o maior número de redes de lojas do país”, comentou Julio, que se preocupa com a situação do setor têxtil brasileiro. “ Uma solução seria reduzir a carga de impostos, como fizeram com os carros e a linha branca. Simplesmente desonerar a folha não é a realidade da moda, um setor que trabalha com terceirizados.”

A Fenim NE reuniu cerca de 1000 marcas em 160 espaços no pavilhão Oeste do Centro de Eventos do Ceará, no período de 27 a 29 de maio. De 16 a 18 de junho a Fenim se une ao salão Moda Brasil, em São Paulo; no segundo semestre deve se realizar uma nova parceria e em janeiro de 2014 a Fenim Gramado festeja 18 anos.

Fotos Iesa Rodrigues