As vendas precisam acontecer. A primeira solução foi o lançamento de cruise collection ou resort collection. Coleções intermediárias entre inverno e verão, para animar as consumidoras a aderirem às novidades. Depois, as vendas online, que ajudaram no período da pandemia _ mas não muito, porque o dinheiro estava escasso. Agora, notaram que é um tal de desfilar no Oriente, na Escandinávia, até no Brasil?
Chanel já desfilou em Los Angeles, Dacar e agora a Arts & Métiers foi para Tóquio, Vuitton foi para Seul, e a Carolina Herrera veio até para o Rio com o povo da imprensa internacional com direito a quatro dias de hospedagem no Copacabana Palace. Agora é a vez da Max Mara, que costuma desfilar em Milão. O diretor de criação, Ian Griffith levou a coleção resort para Estocolmo, capital da Suécia, às margens do Mar Báltico. O desfile foi no mesmo local dos banquetes do Prêmio Nobel, cenário perfeito para os belos casacos e o estilo clássico da marca.
E a Herrera, por que veio para cá? Porque vende muito…perfume! Aquele do frasco em forma de escarpin é um sucesso (até eu tenho um, em miniatura). Por que a Vuitton foi para as pontes do rio Han, em Seul? Porque só na capital da Coréia do Sul tem três lojas, uma no freeshop Lotte, outra no centro e a terceira em Gangnam, o bairro chic cantado pelo Psy, onde a flagship é incrível, com fachada de vidro assinada pelo arquiteto Frank Gehry. A loja mais luxuosa da LV.
Pensei que eram desfiles secundários, que saíam pelo mundo depois de vistos em Paris ou Milão. Conversando com a Marina Sprogis, que sabe tudo dos eventos europeus, soube que estava enganada: são os desfiles oficiais, que saem de suas zonas de conforto para agradar às clientelas internacionais. Do Japão, Coreia do Sul, Monte Carlo e até do Brasil, quem diria. .
Sinto que vai ficar mais difícil cobrir as semanas de moda, sem uma cidade fixa. E os fashion films não convencem. Falta a performance, o perfume das salas, a conversa com as vizinhas de plateia.
Mas que venham as vendas.