Vamos combinar que podemos esperar tudo de alguém que se fantasia, se maquia, muda de personagem a cada dia. Só que se este alguém é uma pessoa famosa, a coisa muda. Lembram de John Lennon dizendo que os Beatles eram mais conhecidos do que Jesus Cristo? Foi o maior auê no mundo, vinis foram queimados por jovens, ele teve que se retratar, etc. John Galliano, evidentemente não-sóbrio (ou sóbrio, tanto faz), insultou um casal em um restaurante de Paris. Tipo, falou contra judeus, asiáticos. Quantas piadas existem sobre minorias e raças? Milhões.
Agora, nosso caro e genial estilista perdeu a noção da própria importância. É o preço da fama, queridão. Ninguém sabe o tipo de reação que pode ser desencadeada a partir deste arroubo de doido. A empresa Dior suspendeu do cargo de diretor de criação, há quem comente que o desfile será suspenso. Até agora, ninguém recebeu os convites. Nathalie Portman, recém-empossada como melhor atriz pelo Oscar, musa da perfumaria da Dior, declara que não convive, como pessoa orgulhosa por ser judia, com quem age desta forma. Quer dizer, a Dior deve decidir, ou ela ou Galliano como funcionários.
Tem polícia envolvida, processo, advogados, Galliano negando tudo. Há dois pontos a pensar desta situação: a fama obriga a atitudes discretas e politicamente/socialmente corretas. E nestes tempos de disputas religiosas, raciais, discriminações de todos os tipos, vale mais lembrar que somos todos iguais. Mesmo que de vez em quando baixe uma maluquice. Neste caso, vá para casa e fale com as paredes. Ou abra mão do emprego e da fama.