Uma das vantagens de estar atenta a novidades, mesmo que sem aval de grandes eventos, é conhecer gente nova, diferente do mainstream. Gilson Martins marcou seu lugar na minha temporada de redação no Jornal do Brasil, quando adentrou o salão na Avenida Brasil 500 com uma bolsa feita de estofamento de carro! Se bem me lembro, havia detalhes de molas na peça.
Impossível deixar de se sentir uma pouco madrinha destas pessoas, como acontece com o Jerry Fernando ou o André Camacho, dois talentos da moda nacional.
Pois o Gilson soube conciliar a criatividade com o aspecto comercial, um fenômeno raro entre os criadores, sempre focados na inovação, sem a menor ideia de como administrar financeiramente seu negócio.
O menino Gilson, agora ostentando visual lourinho, tem suas bolsas e acessórios rodando o mundo. Uma das recentes viagens feitas por suas bolsas foi para um destino distante: Toquio! A representante Yasuko Yamamoto anda levando as coleções para multimarcas e eventos. Só que o Gilson ainda não viu de perto seus trabalhos nem na Isetan, uma das lojas de departamentos mais famosas da região.
“Tenho preguiça destas viagens longas. Agora, por exemplo, pretendia viajar em férias, pensei em ir para Barcelona, vou para lá todos os anos. Marquei, reservei, comprei, fiz as malas e…cancelei! Fiquei feliz quando soube que esta passagem pode ser usada durante um ano, sem pagar multa!”
Como foi parar no Japão? Simplesmente porque turistas japoneses e funcionários de marcas como a Honda iam às lojas, compravam as bolsas, principalmente os modelos em verde e amarelo. Voltavam para o Japão e comentavam, recebiam elogios pelas compras. Daí começaram as entrevistas para TV, jornais e revistas japonesas. “ Há oito anos os turistas começaram a estender o passeio às joalherias e descobriram a loja de Ipanema”, conta Gilson, que foi aluno da Escola de Belas Artes e honra os cinco anos do curso cultivando o lado artista plástico: montou uma galeria de arte na loja de Copacabana, um belo espaço no térreo do hotel Savoy. Também entende de marketing direto, já que aproveitou um espaço na loja de Ipanema para criar a Fábrica do Gilsinho, lugar onde a clientela pode inventar suas bolsas e acessórios.
Mas as notícias nåo acabam por aí. Tinha que sair uma linha Home! Sousplats com silhueta do Cristo Redentor, de peixe baiacu, almofadas, tapetes e papéis de parede. Calma, gente, são lindos, mas por enquanto só atendem a pedidos de decoradores e arquitetos.
Não nos faltam histórias para comentar. Desde a nossa preferência comum pelo suíço Escher, que inspirou a linha de papéis de parede até achar empolgante o uso das antigas bolsinhas atravessadas compradas em brechós pela turma baladeira.
Afinal, nossas conversas começaram em 1982. Aguardo mais novidades, Gilson!