Com algum tempo de platéia, desenvolvemos um olhar capaz de detector histórias por trás de histórias de coleções. Em princípio, dá um certo receio de interpretar errado o trabalho de quem cria. Mas em geral, dá certo.
É o que espero da minha impressão de Givenchy, que nos levou ã desértica região noroeste de Paris, no liceu Carnot. Com a temperatura de zero grau, ficou ainda mais isolado o bairro. Mas valeu, para ver o belo trabalho do Ricardo Tisci, um exercício em couros e tecidos acetinados, colantes.
Aí vai minha visão: sabem o wetsuit dos surfistas? A roupa de neoprene para surfar em águas frias? Pois é, deu a impressão da base da coleção ser o momento de retirar o wetsuit, quando ele fica parado na cintura. Este foi o detalhe forte das calças, saias e jaquetas da Givenchy, o cós virado, ou a lapela virada, com m fecho semiaberto. As meninas de batom vermelho purpurinado tinham cabelos soltos, mas presos na nuca por uma fita amarrada com laço na nuca. Nos pés, botas com laçadas na frente – está sumindo a plataforma, apesar de muito vista a bota de solado anabela nas ruas.
O preto predominou, mas há corais e brancos. E além do estilo wetsuit, uma parte em rendas pretas na lateral de vestidos com tiras esvoaçantes nas costas, um final bonito.
Há uma série de roupas masculinas, camisas brancas e calças pretas. Eles calçaram sandálias de tiras pretas e meias pretas.
Foi bonito, simples e jovem. Digno da Givenchy.
21h30, e lá se foi a platéia enfrentar o frio das ruas.

Intervalo / lembro do tempo em que não havia comércio 24 horas em Paris. Nem um botequinzinho, nem uma farmácia. Agora as coisas mudam, acho que para melhor, porque já há comércio aberto aos domingos. No subsolo do Museu do Louvre ficam lojas tipo a Apple Store, Sephora, Virgin, Agatha. Ah, querem coisinhas mais moda, mais baratas? Peguem o metrô da linha 1, vão para a Defense, no fim da linha e divirtam-se com H & M, Zara, Pinkie, Tally Weijl, cinemas, restaurantes, enfim, um shopping digno deste nome. Confesso que com zero grau não acho a menor graça em bater perna pelos Champs Elysées ou Saint Germain. Viva os shoppings! / Ana Clara, gaúcha baseada em Curitiba, blogueira há quatro anos, está preparando um livro sobre sua experiência de moda. “Já tenho 18 capítulos prontos. Mas não é um livro com dicas de como se vestir, é mais vivo”. Oba, quero ver e ler / na platéia de Givenchy a Mily Serebrenik, maquiadora baseada em Paris, requisitada pelas produções de ensaios. Vejam o site www.milymakeup.com / convite de Chanel traz um urso polar desenhado. Pode ser um conceito ártico, um aviso de que vai ter muita pele, uma mensagem de paz para o PETA. Seja o que for, será Chanel