A moda muda. Faz parte deste sistema que vai além de cobrir corpos. Nestes tempos de pouco consumo ainda há caminhos para atrair clientes. E melhor: clientes assíduas! 

No alto, Renata Amaral à frente da coleção. E dois looks de sucesso da Delphina: o vestido de cintura marcada e saia enviesada e o shorts de linho com blusa de mangas soltas

Esta foi uma das conclusões da carioca Renata Amaral, depois de 15 anos como designer de calçados e cursos no IED e em Barcelona.

“Comecei a notar que a moda estava se dividindo em nichos, cada vez mais específicos. Tinha lojas só de sapatos para skatistas, outra só para quem gostaria de exibir suas tatuagens. Lembrei da minha própria experiência em busca de roupas: não gostava do que encontrava como plus size, e mandava fazer tudo em costureira, levando fotos dos modelos que queria. Cheguei a me animar com as feiras, na primeira vez avisei ao meu marido que ia estourar o cartão de crédito. Mas saí com um vestido só, era tudo quadrado, com ombrão, mangão” conta Renata, que fez cursos de modelagem para entender as necessidades dos tamanhos maiores. 

Na Delphina, linda loja em tons de cinza e rosa-seco (“falei para o arquiteto que queria um rosa elegante, nada de Barbie”), vestindo a primeira saia preta que confeccionou, ela confessa que nunca sofreu bulliing na escola, mas entende as situações constrangedoras relatadas pelas clientes. “Para que todas se sintam felizes e acolhidas, pensei na cabine maior, no sofá com estrutura reforçada. E faço as coleções em tamanhos do 46 ao 58, o plus size real, a maior parte em tecido, poucas são as peças em malha” 

Renata vai mostrando: o shorts em linho, as mangas soltinhas, as calças em príncipe-de-gales, o chemisier, um vestido off white, perfeito para…um casamento civil! “Ah, alguns modelos são permanentes na coleção. Como este, xadrez, de cintura marcada e saia enviesada. As clientes vestem e chamam de vestido da felicidade, porque nunca imaginariam ter um estilo assim”. Se o resultado na cabine não for aprovado, sempre há um jeitinho de confeccionar sob medida. Os preços vão de R$ 59 por uma blusinha cropped que faz o maior sucesso porque deixa um pedacinho de barriga de fora até 259, por um belo blazer de linho, forrado de algodão. 

O nome Delphina homenageia a avó da Renata. Enquanto a mãe, bióloga, sempre foi muito prática, era da avó que quando criança Renata ouvia histórias de moda, de tecidos. No mundo, a Anthropolgy, em Nova York é uma das poucas lojas que apostam em ter um nicho plus-size. Mas com a Delphina está acontecendo o contrário: as roupas são tão bonitas, que já há quem entre na loja de olho comprido, perguntando onde estão os tamanhos 40…

Delphina: Shopping da Siqueira Campos, 2º piso, loja 66, em Copacabana. Aberta de quarta a sábado, das 11 às 19h