Coincidências acontecem demais na moda. Além das tendências que estão no ar e nos produtos dos fornecedores, há pensamentos que inspiram criadores de várias maneiras. A  modéstia e a simplicidade de uma vida monástica ganharam lindas traduções nas coleções da australiana Collette Dinnigan (vejam post Irmandade da Moda 2), da brasileira Barbara Casasola e do inglês Bill Gayten, autor da marca John Galliano.

Bill Gayten assina mais uma vez a marca John Galliano. Por mim, poderia ter continuado a assinar Dior, que fez muito bem, logo que Galliano saiu das duas grifes. Em todo caso, está mostrando todo o talento na John Galliano – o desfile em Paris foi primoroso, um show de corte e de modernidade, com um apelo comercial bem interessante. Sim, porque os vestidos surpreendem pelos cortes e súbitos franzidos, nas laterais ou bem no centro, modelando a roupa no corpo. Vale também o conceito do camisetão, de mangas largas.  Tipo da moda que parece simples à primeira vista, mas os shapes tubulares escondem plissados, tramas, pregueados e jacquards . Como acessórios, coleiras e braceletes pretos. De vez em quando um cinto preto surge em um drapeado na cintura. O make de sobrancelhas grossas, pinceladas, as sombras metálicas (da Pat McGraw, famosa maquiadora desde os loucos tempos da Dior), o tom de oliva, o ameixa e o azul-petróleo, tudo combinou com o conceito do Bill sobre a roupa contemporânea: “ela tem cortes geométricos, atirtude forte e texturas, dentro de uma silhueta disciplinada”. Mas querem saber um segredo para se sentir vestida pelo Gayten? Antes de vestir o longo tomara que caia, ponham uma segunda pele preta por baixo. Antes do vestido sem mangas, sequinho, verde-oliva, ponham uma segunda pele preta, de gola alta por baixo.

Galliano by Bill Gayten – a roupa de atitude forte, sóbria e sensual (foto Style.com)

Galliano by Bill Gayten – o conceito do camisetão largo, em look que favorece qualquer idade e tamanho 

A novidade nacional da semana de Paris é a gaúcha Barbara Casasola, que há 10 anos veio estudar na St. Martin, trabalhou com Roberto Cavalli, Lanvin e na See by Chloé e agora está na terceira coleção própria.

Barbara Casasol;a ao lado de uma das modelos da instalação montaada na Embaixada do Brasil, em Paris (foto Ines Rozario)

E vai muito bem, obrigada, baseada em Londres. Apoiada pela ABEST (Associação Brasileira de Estilistas), Barbara montou uma instalação com modelos vivas em um dos salões da Embaixada brasileira. E foi um sucesso, já que a imprensa internacional compareceu para ver de perto seus longos com franjados de viés de cetim, costurados um a um; o casaco plissado de lã, “que precisou de 12 metros de tecido!”, comentou Barbara, que aposta em contrastes de trecidos leves e pesados, de roupas com costas em tecidos diferentes da frente e em tons como Mint, Lavender e Violet (um verde-menta, um lilás e o violeta). “Quem gosta da minha roupa entende a qualidade do trabalho, sabe dar valor ao toque da seda, entende os pequenos detalhes de cada peça”, explicou a designer, que tem seus modelos vendidos na Inglaterra ao preço médio de 1.500 Libras (cerca de R$ 4.470), nas lojas. No final da volta pela sala, ela mostra os vestidos de freira. “No lugar da pala do hábito, há a transparência, mas parece um estilo religioso”. No Brasil, a coleção da Barbara está  à venda na Choix, loja conceito em São Paulo

Barbara Casasola – a versão do hábito, com transparência no lugar da pala (foto Ines Rozario)