Quase não se vê mais freira de hábito, nem militar de uniforme nas ruas. O que faria de um ou outro, inspiração para moda masculina ou feminina? Nem se discute isto, vendo a coleção do João Pimenta. É roupa, ponto final. Roupa bem feita, classuda, com ares góticos. No desfile, há truques de styling para serem discutidos e polemizados, como os fios que ajustam as vestes e casacos. Ou as calças bojudas nas coxas, que lembram indumentárias reais, só que em preto ou cinza. João acrescentou as palas brancas e os véus das freiras, equilibrou com boots pretos mas deixou passar as batas brancas, bordadas a crivo, delicadas como toalhas de altar. Criou vestes/vestidos com bolsos reforçados por setas, ótimas aquisições para os guarda-roupas femininos. Fez túnicas com calças estreitas, vestes de veludo bordado.
Sem definir quem vai usar, é um belo trabalho.

Ficha
Estilo e styling: João Pimenta
Direção de desfile: Ruy Furtado
Beleza: Ricardo dos Anjos
Trilha: Roque Castro e Kbeça

Intervalo / nostalgia: quando a sala de imprensa era no mezanino, havia armários para guardar sacolas, papéis. No que começaram a guardar câmeras e computadores, virou festa para os roubos / A Bienal já foi grafitada (muita gente detestou, porque achava que reforçava a sujeira das ruas. Agora, isto é Arte), decorada com fotos de jornalistas com 15 anos, teve um parque de diversões no térreo, um gramado (meu ambiente favorito) pelo Muti Randolph. Depois veio a era dos banquinhos desmontáveis de cartão, e começou a desgraça para as nossas costas. Agora, eles estão compondo as paredes da Bienal
Foto Ines Rozario