Já foi a época de decidir estudar Medicina ou Engenharia. Depois, era a onda da Psicologia e o Direito. Nos anos 1990 começou a vontade de escolher a Moda e o Design. Agora, além dos estudos de TI, muita gente quer enfrentar forno e fogão, pensando em um futuro brilhante como chef.

Se este sonho tiver origem no programa Masterchef, da Band ou nas propostas do Felipe Bronze e do Rodrigo Hilbert, que exigem apenas ligar a Tv ou o computador, imagino o que pensarão estes sonhadores ao entrar na Cordon Bleu, em Botafogo, no Rio de Janeiro.

A escola de origem francesa ocupa um imóvel estruturado para varias funções. Desde as cozinhas impecavelmente limpas até a sala de aula-show, chegando ao espaço onde são servidos quitutes, aberto ao público. Os cursos abrangem quatro áreas: boulangerie (padaria), patisserie (doces), cuisine (pratos de cozinhar) e serviços. Tudo com o conceito da culinária francesa, ao alcance das turmas de cerca de 20 alunos. A primeira turma se formou agora, no princípio de abril, com festa no Blue Note.

Fotos Lucas Rozario

Facas e forno

Os alunos em plena função: estavam se preparando para uma prova no dia seguinte

 

 

Segundo Sofia Mesquita, diretora do Cordon Bleu Rio as bancadas tem lugar de trabalho para 20 pessoas. Entre elas, há bolsistas da FAETEC, e todos recebem a maleta com 50 utensílios de cozinha. “ São itens essenciais para um chef, incluindo as facas,” contou Sofia, enquanto chamava a atenção dos visitantes para o forno de pato.”Não é da cozinha francesa, mas pretendemos preparar os alunos para o conhecimento dos clássicos de outras culturas e o pato de Pequim é um clássico oriental servido em muitos restaurantes europeus”.

 

Show de aula

Philippe Brye e João Paulo Frankenfeld na aula: o espelho no alto mostra os procedimentos

Um privilégio tão fascinante quanto um desfile de moda, a aula-show com os chefs João Paulo Frankenfeld e Philippe Brye. Em pouco mais de uma hora, os dois preparam uma carne à bordelaise (João Paulo) e uma torta fraisier (Brye), com espelhos mostrando a manipulação nas bancadas e no fogão e o circuito fechado dá zoom nos detalhes, vistos nas telas laterais da sala. Não faltaram dicas, como as cenouras em forma, que parecem banais, mas servem para aprender a mexer com as facas. Ou que as batatas são cozidas a partir da água fria. E um papel vegetal com um furo no centro impede a subida da torta na forma.

Disciplina, organização e limpeza são bases da cozinha. E segundo o chef Brye, só existe um jeito de aprender os segredos da culinária requintada: “tem que aprender com chef bom! Comparando, ninguém aprende caratê pelo YouTube!” O patissier francês, há 30 anos no Brasil, está certo: nada como uma aula prática no Le Cordon Bleu, o curso fundado em 1895 – 124 anos de formação de chefs.

 

 

Uma graça, as portas dos banheiros na Le Cordon Bleu

Haja panela!

E mais / cursos como Patisserie têm aulas duas vezes por semana / por enquanto são poucos os fogões por indução no Brasil, porque a energia é cara / a escola tem um espaço tipo café com acesso para o público. Vale ir lá para se deliciar com os quitutes dos alunos! /  ah, segundo os chefs, franceses não usam panela de pressão, nunca! Nem tive coragem de perguntar se admitiam microondas / a Cordon Bleu fica na rua da Passagem, 179, em Botafogo (Rio de Janeiro) / surpreendente: segundo soube na escola, muitos vencedores do programa Master Chef não fazem os cursos do Le Cordon Bleu na França ou no Canadá. Que desperdício de prêmio.