As cores, ela tirou da obra da Niki de St Phale (artista plástica que assinou as figuras no laguinho em frente ao Museu Beaubourg, em Paris, por exemplo). Os tecidos são macios, alguns reciclados. No conjunto, são roupas mais para o conceitual, como casacos com a frente marmorizada e as costas lisas, as saias com sobreposição de uma tela vazada em círculos e vários looks com cores vivas em formas geométricas sobre fundo branco. Destaque para uma sandália com lenço amarrado – pode ter sido truque de produção, mas é uma idéia a ser pensada. As modelos tinham tatuagens rabiscadas adesivas no rosto. Intrigante, como uma designer jovem holandesa, que vem de um país frio, faz uma coleção de inverno tão vibrante. Tirando algumas peças em pelo, daria para uma temporada mais quente. Liselore é recebida em Paris como uma iniciante promissora. A sala em um prédio da Casa da Holanda, era dupla, estava lotada, a equipe da assessoria da Sylvie Grumbach tratava de conseguir lugar nos assentos que pareciam travesseiros brancos. Sentei no meu lugar e pensei, mais uma vez: esta designer é patrocinada pelo Creative Industries Fund NL e pela Fundação Amsterdam das Artes. Onde estão os patrocinadores da moda brasileira?
O rei do cashmere fashion, Lucien Pellat-Finet, pega sempre temas do momento para conceituar as coleções. Desta vez, o cachorrinho mais querido, o Dogue francês, aparece nos suéteres macios. Anthony Vaccarello focou no terno, na alfaiataria em preto. Jaquemus também, só que neste, com ombreiras elevadas a terceira potência. Meio forçado…