Louis Vuitton é o outro bom motivo pra vir a Paris nesta época, além do desfile Chanel. A apresentação de hoje confirmou esta boa razão para se abalar de casa, seja do Brasil, de Nova York ou de Angola – sim, há gente importante vindo de lá, para ver as novidades por aqui.
Marc Jacobs fornece mais uma referência para os seus seguidores: o filme “Deus criou a mulher”, hit dos anos 60, que lançou Brigitte Bardot como símbolo sexy. Para quem ainda não viu o dvd nas alas antigas européias e cults dos videoclubes, o figurino foi a origem das saias rodadas, armadas, usadas com corpetes decotados, que trazem de volta o busto alto, juntinho, polpudo. Os ombros são estruturados, mas o volume da saia anula a proporção dos anos 1980 e reforça um imagem de moda americana dos anos 1950/60, antes da revolução dos Futuristas como Pierre Cardin e André Courrèges: são as mulheres de cintura fina, saia rodada, rabo-de-cavalo e escarpin alto ou sapatilha.
A tenda mais uma vez foi montada na Cour Carré do Museu do Louvre (ou o pátio quadrado), onde nos anos 1980 eram montadas três tendas para toda a semana de moda, em volta do chafariz. O mesmo chafariz que serviu de cenário para o circuito circular percorrido pelas modelos, com águas dançantes e tudo. Elogio também o quentinho da sala, apesar de cinco minutos depois estarem todos os convidados a arrancarem echarpes, chapéus, casacos e luvas, devido ao calor.
Adeptas das bolsas LV vão gostar da coleção, que recicla o modelo Speedy, criado há 80 anos para as mulheres viajantes. Ela ganhou alças novas, foi refeita em rendas, peles e crocodilo pintado à mão, tem o monograma flocado ou paetado. E continua seguindo o estilo bolsa de médico ou carteirão.
Foram 54 looks desfilados por um elenco que incluiu as brasileiras Carol Trentini, Alessandra Ambrosio e Adriana Lima. Quem abriu foi a francesa Laetitia Casta, com corpo farto para valorizar os decotes. E quem fechou foi Elle McPherson.

Intervalo / Marc Jacobs está de barbinha, e adotou de vez o look de terno, deixou de lado o jeito largado de moleton e calça larga / o desfile começou na hora, 14h30, mais uma vez deixando muita gente do lado de fora. Patrícia Romano, do marketing Brasil, se desdobrou para botar pra dentro os brasileiros. Os convites não chegaram, mas os nomes estavam na lista, ainda bem / e a camuflagem, que continua, heim? / Giovanni Bianco na platéia contou que a nova campanha da Arezzo é um clipe com cantoras. Quero ver / A Vuitton aproveitou o chafariz como cenário, como fez o Walter Rodrigues no Rio, em volta do chafariz da Cinelândia / melhorou o frio, subiu para 3 graus / houve quem saísse comentando que a coleção estava muito parecida com a da Prada. Não quero nem saber, não vi Prada de perto, só em fotos. Prefiro o que vejo ao vivo. Portanto, Louis Vuitton é a referência da cintura fina e da saia rodada, dos couros elegantes e dos vestidos de tricô / a segurança é que fez feio, tentou tirar nossa fotógrafa Marina Sprogis do lugar. Ainda bem que a turma das câmeras gritou, protestando e a loura ficou no posto