Que me desculpem os viajantes que dizem adorar ficar em hoteizinhos pequenos, com escada, banheiro mínimo e um casal de proprietários que já virou amigo. Detalhe: o endereço é St. Germain, “no meio de tudo o que há de melhor em Paris”.
Ok, há um fator importante: o preço. Mas podemos sonhar com algo melhor. De minha parte, minha sugestão é:

Mandarin Oriental Paris

Novinho em folha, apesar da fachada art-deco preservada – abriu as portas em junho, depois de quatro anos de obras. Perto da Place Vendôme, quase ao lado do Costès. Logo na entrada, as paredes têm frisos de cristal Swarovski e piso com detalhes em folha de ouro. O bar é simplesmente um balcão feito a partir de um pedaço de mármore, inteiro, de nove toneladas.
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O jardim interno, raridade em plena Paris

Este é só um resuminho do luxo, na área mais standard. Porque ainda há as suítes, com varandas ajardinadas, viradas para o átrio, que é o pátio interno, um jardim lindo onde se pode tomar o café da manhã nos dias de sol.
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A cama, com fotos de Man Ray no alto e cores típicas do período Art-deco
Me acompanhem ao quarto, por favor – antes, a chave é encostada no painel do elevador, para liberar o andar. De novo, encostada na fechadura da porta do quarto. Encostada, nunca enfiada. Primeiro, um corredor.
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De um lado, o banheiro das pias, onde também fica o armário. Das pias, eu disse: a masculina, com tomada de barbeador e espelho alto, iluminado. Do outro lado, a feminina, com gavetas onde são guardados o secador de cabelos e a pranchinha, ambos dentro de saquinhos cinzas.
Do outro lado do corredor, uma banheira, um box com chuveiro central e o cantinho da privada.
Vamos entrando e nos deparando com a maxi-cama, com foto ampliada de Man Ray sobre a cabeceira. Tudo tem a ver com o período art-deco, época áurea da vida de artista e da moda parisiense.
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Compartimento com tomadas e acessos para computadores e internet
Entre as janelas, a mesa de trabalho. Abre-se um compartimento, e lá estão todas as tomadas e acessos necessários para quem só vai a Paris trabalhando (que como eu, nunca subiu a Torre Eiffel nem teve tempo de ir a Versalhes, só quando houver algum desfile por lá).
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Os cabos de internet, carregadores de celular, extensões
Não acaba aí: embaixo da televisão (HD, enorme), dentro de um estojo lindo, estão todos os cabos e adaptadores, cada um dentro de um saquinho com a identificação bordada. Que sonho, para quem está sempre às voltas com compras destes acessórios, na FNAC.
Agora, o lazer. Da cama, controla-se a posição da TV, porque ela pode se deslocar para ser assistida por quem está no sofá. Quer tomar banho e continuar assistindo à TV Record internacional? É só ligar a TV que fica em frente à banheira, se recostar e curtir o banho de espuma com produtos da Diptique e se enxugar com o roupão da marca italiana Frette.
Sem falar no colchão, nos lençóis de 300 fios, nos travesseiros mais do que fofos.

Fora do quarto – se conseguir sair daquele paraíso que é o quarto, dê uma olhada no balcão de docinhos no restaurante Camelia. Anime-se para um mergulho na piscina fechada. Cansou de tanto andar pela cidade? Chegou cansada do vôo (11 horas, ninguém merece esta lonjura)? Que tal uma passadinha pelo spa, aberto 24 horas?
Ah, o endereço. Simplesmente, a rue Saint Honoré, onde fica a Colette, multimarcas que dita tendências; as lojas do Carlos Miele, do Roberto Cavalli, da Gucci, Miu Miu, John Galliano, Tumi, Goyard, MAC. Pertinho da matriz da Chanel, na rue Cambon. No quarteirão da Angelina e seus éclairs perfeitos. Linha 1 do metrô, para quem tem pressa. Os meninos da portaria conseguem milagrosos taxis, a qualquer hora.

O casal amigo? – enfim, chegamos a este ponto, do casal proprietário do hotelzinho com escadas. No Mandarin Oriental Paris, a equipe atua com um jeito que mistura a discrição oriental, a elegância francesa, a gentileza da hotelaria inglesa e a eficiência suíça. Desde o momento em que se entra no corredor logo após a porta, ladeado por jarros de vidro com flores brancas, são sorrisos por todos os lados. O atendimento não tem a frieza do treinamento americano, é caloroso e amável. Nem tem a maluquice tradicional francesa, que convenhamos chega a ser folclórica – eu, pelo menos, me divirto com os ataques de mau-humor de recepcionistas, telefonistas, etc. Mas prefiro ser bem tratada, como no Madarin.
Pois é. Este é o maior luxo, o calor da recepção, que faz com que nos sintamos cercados por gente amiga. Amigos que conhecemos há poucos minutos, e dá vontade de rever.

É caro? Sim, é caro. Uma suíte duplex chega os 20 mil euros de diária (claro, é maior do que a maioria dos nossos apartamentos). Um quarto ronda os 900 euros. Mas é um sonho que podemos cultivar e um dia alcançar, quem sabe? Um fim de semana, uma lua-de-mel. Vale sonhar e planejar um dia se jogar naquela cama fofa na medida certa, curtir a TV da banheira, tomar uma champanhe no Bar 8, experimentar todos os docinhos do Camelia. E o melhor: conhecer o Lucas, a Tabatha, o Monsieur Leboeuf, o chef Thierry Marx.
Maravilhoso, o Mandarin Oriental Paris. O Mandarrán, como dizem os parisienses. É o tipo de lugar que faz a gente gostar ainda mais de Paris.