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Não nego que é um dos meus favoritos, mesmo que digam que deixou de fazer a coleção, asinada anonimamente agora. No enorme galpão que virou point dos desfiles parisienses as cadeiras de vários tipos – de veludo vermelho, dobrável preta, de madeira, estilo botequim – formavam cí­rculos espalhados por um terço do espaço disponí­vel. É enorme mesmo.
As modelos percorriam a passadeira vermelha entre os cí­rculos, paravam e davam voltas para que todos vissem cada detalhe. E havia detalhes! As calças cobriam só a parte da frente das pernas. As mangas eram gigantescas, mas sem exageros de ombros. Sabem como? Como se fossem largas o suficiente para vestir o casaco por cima de suéteres grossas. O cós das saias-lápis das calças impecáveis era reto, da mesma largura dos quadris e meio alto. Destaque para a jaqueta Perfecto de couro, estampa cobra, linda. Além do preto e bege, as cores eram o vermelho, bastante freqüente nesta semana, e o prata, em bases em material plástico ou plastificado, bem futurista ou robótico.
Os acessórios são detalhes importantes. Tirados do universo masculino, como chaveiros, abotoaduras e pulseiras de rolex, foram transformados em pendentes e colares dourados. A pulseira do relógio virou um cinto..
O final ficou por conta dos coletes de patchwork de peles (sou contra) e tricôs gigantes, como coletes abertos, sem costuras laterais. Gigantes de pontos, fiquei imaginando o tamanho das agulhas, porque são feitos à mão. Agulhas ou cabos de vassoura?
O make das modelos era M.A.C. com batom vermelho borrado nas bocas.
Quase não há info sobre fichas técnicas nem sobre as coleçíµes. Margiela tinha, quem diria, ele que sempre foi alternativo virou oficial.
Ficha
Cabelos: Tomohiro Ohashi
Maquiagem: Hannah Murray com M.A.C. Pro team
Música e direção artí­stica Maison Martin Margiela
Todas as modelos usaram (untitled) linha 3 (devem ser as meias)

Intervalo / os fotógrafos continuam sofrendo com as condiçíµes de trabalho. No Yurkievich, a sala ficou muito escura, e a configuração em U atrapalhava mais ainda. Logo nos primeiros looks, baixou o espí­rito de Goethe nos caras. “Luz, mais luz!” berravam, igual ao escritor alemão quando estava agonizando / a maneira de apresentar os produtos, as embalagens, são alguns dos problemas a serem superados pelos brasileiros que pretendem exportar. Milton dos Santos vai orientar esta turma talentosa / antes de começar Margiela, conversei com o Paulo, editor da Vogue portuguesa. Tinha acabado de vir do desfile Lanvin, que não pude ver porque estava às voltas com envio de matéria e ainda não tinha descoberto o jeito de pegar wifi deste netbook. Paulo definiu como triste a coleção do Alber Elbaz para Lanvin. Que pena / estava muito frio no Margiela. Quando saí­am do percurso, as modelos recebiam mantinhas para se aquecerem, porque alguns looks tinham blusas sem mangas e pernas de fora. Brrrrr