fotos Marina Sprogis (Dior)
Iesa Rodrigues (as outras)

O vermelho-Dior com um jeito década de 20, a ala mais feminina da coleção

Masculina como um inglês a caminho da City ou feminina como uma cantora de jazz? Estas são as opções de John Galliano na coleção de primavera-verão 2008 da Dior, confirmadas pela presença de Sting na platéia e na trilha do desfile, cantando “Englishman in New York” e as flores nos cabelos das modelos e Billy Holiday em The man I love. Galliano garante a continuação das estampas de oncinha, as zebras nos trench-coats, fez muitos ternos em risca-de-giz preto e branco ou em marrom e ouro, completou calças de cós baixo com suspensórios. Mas propõe também os vestidos drapeados e com repuxados, decorados com cristais nas mangas ou nas barras em cores delicadas como lilás, pistache, rosê ou glamurosas como o vermelho-coral. Faltava a sensualidade: o verão será pretexto para exibir caleçons (calcinhas de seda, debruadas de renda) alongados como macaquinhos e regatas. Mais uma tradição da marca francesa, revitalizada pelo estilista inglês, já que a Dior foi uma das primeiras grifes a lançar lingerie em seda com rendas, nos anos 80, quando a Lycra e o estilo minimalista do underwear de Calvin Klein predominavam.

Outra inglesa apresentou seu desfile ontem. Vivienne Westwood mais uma vez não se contentou apenas com a moda, uma história de um casamento de Marilyn Monroe com um lorde inglês , morando no campo e um filme de Gloria Swanson. “O resultado me parece tribal, forte e muito rock ‘n’ roll”, define Vivienne. Além dos repuxados e drapeados em tecidos naturais, ela também nomeou a coleção como 56. Por que este número? Trata-se de um manifesto contra uma nova lei do Partido Trabalhista que segura pessoas na prisão por 56 dias sem julgamento, o dobro do número de dias da lei atual.


Michel Klein seguiu o caminho dos anos 70, com saiões, lenços na cabeça, bordados com turquesas e búzios formando quadriculados.


Martin Margiela reforçou a silhueta dos anos 80, com ombros pontudos e formas muito simples. A base é quase um maiô em preto e bege, com panejamentos caindo nas costas, óculos-faixa e sandálias-polainas.

E o russo Gaspard Yurkievich confirmou a onda das novas e discretas transparências, com o conceito Sheer Memories, cheio de voiles de seda, cetins e celofanes em preto, champanhe e vermelho.

Intervalo / as passarelas têm turquesas, laranjas, vermelhos. Mas a platéia dos desfiles continua de preto, com exceção das garotas japonesas / Luiza Marcier assistiu ao Martin Margiela, no intervalo entre idas e vindas a Bruxelas, onde montou a exposição de moda Flying Dresses, da sua marca A Colecionadora, na galeria Catherine Bastide / a cada seis meses o metrô parisiense abre uma estação nova. A linha 14 ganhou a Olympiade, depois de Bercy. Seis meses, gente, não são seis anos. Que tal a estação General Osório ficar pronta logo? / as sandálias da moda voltam a ter tiras e amarrados até os tornozelos / hoje, na Dior, Galiano não desfilou até o fim da passarela, para os aplausos / muito quente, para esta época, apesar dos chuviscos, em Paris