Parecia até lista de referências da nossa Gloria Coelho, de tantas fontes que foram pesquisadas pelo Ricardo Tisci: América, esportes, sensualidade, néo-clássico grego, bandeira dos Estados Unidos, mais a sua atitude latina de sempre e um toque de Mapplethorpe, o fotógrafo americano super detalhista, que clicava de orquídeas a gente e peixe sendo embrulhado em jornal.

Fotos de Robert Mapplethorpe aplicadas como retângulos sobre cashmeres pretos

O resultado de tantas influências não decola muito do que se vê na atmosfera da moda atualmente: muito preto e cinza, o couro liso, com brilho fosco (lembra o vegetal), o clássico padrão Argyl, de losangos, meio escondido por uma espécie de colagem de imagem em preto e branco; contrastes de texturas, como brilhantes e foscos; mangas e pala dos ombros de veludo nas camisas de algodão branco.

Outra aplicação em preto e branco sobre o padrão Argyl

A bandeira americana, interpretada em preto e cinza, como um raio-X, em cashmere

Terno sem lapelas, com camisa e gravata brancas – esta camisa é das poucas com colarinho

O que diferencia a Givenchy: a abolição de lapelas e colarinhos. Os fechos gigantes realçando a alfaiataria. O jeito rock, combinado com tradições, mais a tecnologia que caracteriza as coleções masculinas da Givenchy, by Ricardo Tisci.

Que tal? Um tipo bem diferente do que tem sido visto nas passarelas masculinas. Estilo Givenchy

E há pouco espaço para o geek arrumadinho, certinho e  esguio. Está mais para Taylor Lautner, o lobisomem da série Crepúsculo. Tudo a ver com o clima misterioso acentuado pelas as 6oo velas votivas que cercavam a passagem dos modelos

Aqui, o link do desfile. Meio distante, mas dá para sentir o clima místico/misterioso, acentuado pela Cold Song, do genial Klaus Nomi e pelos também alemães da banda Tokyo Hotel

https://youtu.be/0CFVgpl0cec

Intervalo / é chique, o Ricardo Tisci. Ao mesmo tempo, tem um lado fácil de adotar: calças sempre pretas, casacos de couro liso, a volta dos losangos do padrão Argyl (volta? desde quando saíram de moda?), o culto aos Estados Unidos, que volta e meia merece atenção dos profissionais da moda. No fundo, porque ainda deve ser o grande mercado divulgador da moda internacional. Reparem bem: eu escrevi “divulgador”e não “consumidor”. Porque lá, há revistas de grande circulação, como a Vogue, a GQ e a Style, que definem as novidades sob um padrão didático