6283371665_b901627eb5_z6283376809_f61af868a1_z6283905270_20cc0f8ba5_zMary Design já é um nome bastante conhecido como criadora de acessórios com técnicas artesanais e referências na arte. Nesta edição do MInas Trend ela extrapolou. Em lugar do desfile clássico, Mary Arantes decidiu fazer um manifesto. Um manifesto pelo apreço. Na prática, a intenção se transformou em exposição no Museu de Artes e Ofícios. O lugar certissimo, já que para a estilista e designer, os ofícios da moda devem ser valorizados, antes que acabem. “Levei minhas funcionárias para ver o trabalho delas, para que entendam o que se transforma aquele bordado, o fuxico, tudo o que elas fazem”, comentou Mary mais tarde em entrevista. Voltando à coleção, vista como peças de arte, vestidas em modelos negras, ao lado de objetos como cadeiras, pufes e cabaças, completamente recobertas pelos entrelaçados de fitas e fios típicos da marca. Em lugar de música pop ou techno, Lucinha Bosco cantou à capela, começando pelo hino nacional. Em vez de cadeiras, os convidados esperaram algum tempo em pé para entrar nas salas, e apreciaram andando cada figura, um grupo de cada vez, para evitar danos ao piso do museu. Valeu a espera, porque as roupas de fuxico e plissados, os grandes colares e pulseiras são deslumbrantes. As novidades continuaram: as cadeiras e vidros foram encontrados jogados num lixo, junto de um galinheiro e retrabalhados para fazer parte da marca Mary Design Diariamente, feita em parceria com Nara Terra.

Mary é uma figura importante e escondida da moda brasileira. Às vezes, acha que criou um colar ” meio baranguinha, kitsch mesmo, com uma flor maluca pendurada” . E define como o colar do dia em que se está sozinha, louca para conversar com alguém. ” Você entra no elevador, todos olham e sorriem. O ascensorista pega a flor, comenta algo. Todos falam com você…”

Os objetos do lixo – até as cadeiras estavam jogadas, enferrujadas, relegadas – se integram na filosofia do manifesto. ” Eles são os desprezados, os desprezíveis, que ganham valor. Tenho muita inspiração na minha infância em Rio do Prado, tão simples, que nos meus aniversários, uma das minhas tias me dava um pão de presente…”

Há 30 anos Mary trabalha na moda, e anda repensando a atividade. “É um trabalho artesanal, não é pão de queijo, que basta botar no forno e está pronto. Penso em sair deste circuito da fast fashion. Talvez passar para um ateliê de peças únicas. Quanto ao jeito mineiro, é o que sabemos fazer: fuxico, bordado. Nascemos para isso, MInas nunca vai ser igual a São Paulo ou Rio. Temos um muro de preservação, que são as montanhas. Nosso jeitinho jeca não sai, não adianta tomar banho, que não sai”.

É um belo jeitinho, Mary. Jeca, desprezível, manifesto, emocional, artístico, conceitual, tudo junto, ao mesmo tempo, e muito belo

Fotos Fotosite

Intervalo / a expo da Mary Design fica até domingo no Museu de Artes e Ofícios. Sem as modelos, claro. As belas roupas devem ficar em bonecas / a mesa redonda da Premiere Vision virou um show estrelado pelo Rogerio Gonçalves, da Santanense e pelo Luiz Moraes, da Patricia Bonaldi, dois empresários brasileiros que agitam em exportações para o mundo. Jacques Brunel, diretor da Premiere Vision, ouviu atento as declarações dos dois, pelos fones de tradução simultânea. Vamos ver a Premiere Brasil, em 18 e 19 de janeiro de 2012