Depois de um intervalo de 12 anos, Luiz de Freitas reapresentou uma coleção digna dos tempos de glória da sua grife masculina, a Mr. Wonderful.A história confirma a vantagem de ser fiel a Santa Edwiges, a padroeira das causas impossíveis: a empreitada festiva no palco do cinema Odeon BR, em plena Cinelândia, no Rio de Janeiro, aconteceu graças à nova sócia, Rita Maria Menezes de Oliveira, filha de uma das costureiras do próprio Luiz de Freitas, ainda dos tempos da marca feminina Belui. “Estamos com ateliê na Praça Tiradentes, com sala especial para a alfaiataria. E pretendemos abrir lojas no Rio e São Paulo, e chegar a Miami, em breve”, anunciou Rita, ao mesmo tempo que apresentava a tia, Teresa Morgado, também da equipe do grande estilista.
Já contei do currículo dele, de como voltou à moda, depois do intervalo em que assinou comissões de frente da Mangueira e fez figurinos de espetáculos.

Agora, a moda. Antes do desfile, Luiz estava feliz, “Sempre fui muito mais ligado à arte moda do que à moda business. Agora, finalmente, posso trabalhar sem ter que responder à pergunta “quanto vendeu hoje?” comentava, enquanto dava os retoques no elenco de modelos da agência Exarc, ao lado do stylist Claudio Parreiras.
A coleção seguiu temas da moda, com absoluta originalidade. O Mr. Wonderful ganha opções de ternos ajustados, soltos, sem mangas, com entalhes de cor no paletó, de calças curtas ou pantalonas. Se preferir dispensar a formalidade, Mr. Wonderful tem túnicas com arabescos ou ternos mais clássicos – porém feitos em tecidos preciosos, adamascados, em dourado, azul, amarelo ou prata. Sem falar nos festivos paletós em lamês listrados, que evocam noites em cassinos de Las Vegas. Quanto aos temas, foram em torno dos brancos, pássaros – a camisaria com flamingos em xadrez vichy terá adeptas femininas na certa -, geométricos, roqueiros, circo, adamascados, executivos, estrelas e brilhos.

Luiz de Freitas, aos 65 anos, renasce para a moda brasileira, depois de ter vestido estrelas como Prince, Gaultier, Versace e Nureyev, enquanto teve uma das lojas mais bonitas da cidade, em Ipanema. “Comecei na moda muito antes da palavra básico. Ela, a palavra e a moda dos básicos, me agrediam muito, logo a mim, que sempre apostei no novo e no diferente”, contou Luiz no filme de apresentação. O desfile aberto por Leda Nagle, durou meia hora apenas – devia haver bis em moda. Ou pelo menos, surgiriam mais uns 10 modelos -, a platéia aplaudiu de pé e o criador apareceu, de calças listradas, toga branca e coroa de louros.


Vai vender? Não vai vender? Impossível prever, mas o que se sabe é que Luiz de Freitas tem originalidade, tanto quanto um John Galliano ou um Hedi Slimane. Há peças perfeitas para homens que não se conformam com o padrão bermudão-camisa pólo, ou jeans e camiseta. Há outras que devem atrair as mulheres, como a jaqueta com preguinhas ou as calças curtas, abotoadas na barra. É bom ter o senhor Maravilhoso de volta.