Depois do belo desfile de verão, nos arredores de Paris (Saint Denis, para mim, é periferia), a marca Kenzo lança mais um perfume. Bem diferente dos anteriores, mas também com a imagem da papoula na tampa, imprensada no acrílico cristal.

Marcus Bari apresentou o Flower in the Air em almoço no Marina Suítes (Rio de Janeiro)

No Rio, a novidade foi vista em animado almoço pequeno – uma boa ideia, dá para conversar melhor – no Bar d’Hotel no Hotel Marina Suítes, no Leblon.

Um belo frasco, com desenho mais simples e tampa com a flor embutida marca a mudança de estilo

Marcus Bari veio de São Paulo para explicar que o novo Flower in the Air é um outro momento da papoula.

– A flor que é um ícone da marca vai ficando mais leve. Nesta versão, a fragrância não é atalcada (sem o toque de talco das outras), tem menos a sensação oriental e mística das anteriores, que começaram a surgir em 2.000. O Flower in the Air é um floral amadeirado, com framboesa, pimenta rosa, almíscar branco, magnólia e rosas.

A grife faz parte do grupo LVMH desde o final dos anos 90, não tem mais nada a ver com o criador original, que atualmente se ocupa com sua marca KT (Kenzo Takada, de camisetas). Desde que foi vendida, a grife fez sucesso com os perfumes, mas batalhava para se impor como moda de vestir. O primeiro substituto, um designer francês, fez uma linha sombria. O segundo, Antonio Marras, até produzia belos desfiles, mas se distanciou do DNA da marca e não vendia nada das roupas. Agora, a dupla Carol Lim e Humberto Leon conseguiu recuperar o estilo original, devidamente atualizado. Vamos ver se vende – achei bonito, um Navy floral, mas temo pelas calças curtas e largas, limitadas a corpos esbeltos e altos (o desfile completo está em  https://iesarodrigues.com.br/?p=23503).

De qualquer forma, a Kenzo está recuperando o status de sonho de consumo. O tigre, figura emblemática desde os tempos da Jungle Jap (anos 1980), voltou a ser sonho de consumo. E segundo Marcus, começam a aparecer as falsificações, sinal de sucesso.
A divisão de fragrâncias da LVMH liderada por Marcus Bari no Brasil inclui a Fendi, Givenchy e Kenzo.  A Flower in the Air chega às lojas (Sephora, Shampoo, Fragrance, entre muitas) por preços entre R$ 194 (30ml) até R$ 374 (100ml).

SAC 0800 170506

Fotos Ines Rozario (lançamento) e Marina Sprogis (desfile)

 

E mais: Bernard Arnault, CEO do grupo LVMH segue de perto todas as evoluções das marcas. Tanto que, quando compra uma, mantém o dono com 10% ainda por algum tempo à frente, para aprender o DNA da grife. Depois, revoluciona, moderniza, reinventa. Nem sempre dá certo de primeira.

Do que me lembro, quando a Givenchy foi vendida, estava em plena decadência. Os últimos desfiles, no hotel George V, tinham claque de funcionários do ateliê. Mesmo assim, foi uma revolta quando chamaram o John Galliano para ser o diretor de criação. Em seguida, trocaram para outro inglês, o Alexander McQueen. Que fazia desfiles inesquecíveis, mas…as roupas não vendiam. Agora, com Riccardo Tisci à frente, está dando certo.

Com Dior, foi parecido. Marc Bohan assinava as últimas coleções, divididas por regiões onde havia consumidoras. Os desfiles duravam mais de uma hora, claro. Quando John Galliano assumiu, depois de um período lindo, mas suntuoso demais, com Gianfranco Ferré, foi a reviravolta que definiu a evolução da moda e consagrou o esquema dos grandes grupos, como LVMH e PPR, como salvadores do setor luxo. Galliano sabia unir o visual extravagante com peças comerciais, apesar destas nem sempre serem identificadas pela plateia.

Agora, é a Fendi, que ainda tem Sylvia Fendi como funcionária. É uma grife mais luxuosa que as francesas, mais elitista. Mas que começa a emplacar com os perfumes. O novo, L’Acqua Rossa, será lançado em breve no Brasil, e foi inspirado na bolsa baguete, ícone da Fendi.

Uma história que rola, que o Brasil é o maior consumidor de perfumes do mundo. Ou está em segundo lugar, o que é mais provável, porque 11% do negócio está no…Japão! Incrível, como aquela ilha vulcânica sabe consumir.