Confesso que nesta temporada dá vontade de ficar no hotel e esperar horas pelas transmissões dos desfiles nos sites. É um tal de vento, chuva, neve, um clima que nunca vivi nestas décadas de coberturas das semanas de moda. Mas bate uma culpa, e lá vamos nós, a cada dia com mais peças de roupa. E tem o seguinte, atualmente as calefações são ligadas discretamente, ninguém mais precisa se sentir abafada quando entra nos hotéis e lojas. Nem quero saber as razões, deve ser economia de calefação, proteção do planeta, etc. Não dá tempo de pensar nestes casos tão importantes.

Bijuteria Dior, um dos itens mais fotografados no resee

Até agora, desde segunda-feira, o melhor foi Dior, indiscutivelmente. Gosto também de Rochas. Incrível, como mudam as nossas opiniões, de acordo com as coleções. Depois do fracasso (pelo menos para mim) do Raf Simons, a contratação da Maria Grazia Chiuri foi o máximo, ela arrasa tanto na roupa como nos conceitos, muito coerente. E Rochas, com Marco Zanini, também perdeu um ranço de Madame, apesar de continuar com a tal elegância discreta.

Rochas reforça a volta do terno feminino, a elegância discreta burguesa (foto Marcio Madeira)

Bom, claro que mantenho alguns favoritismos. Um dele é Rick Owens! Nada comercial, apesar de luxuoso nos materiais. O que parecia um bando de cobertores e faixas de malha era na verdade pura lã pelo de camelo, amarrada nos corpos, com uns travesseiros pendurados de um lado. No complemento, tênis. Segundo o próprio Owens, “ um estilo sofisticado, na beira do ridículo” . Adoooro.

Dries van Noten, o esportivo requintado pelos padrões da Arte Bruta (foto Marcio Madeira)

Não vi Dries van Noten, mas nas conversas de plateia fiquei confusa. Umas colegas diziam ser um absurdo o uso da Arte Bruta, ou seja, as estampas feitas com interpretações de trabalhos de doentes mentais. Outras, elogiavam o estilo esportivo, das adaptações dos trainings, o máximo para o inverno. Quando recebi as fotos era isto mesmo, as duas definições. Realmente, fácil de usar e com uns padrões que parecem penas, geometrias, em geral em preto e branco e cinza. Sei lá da Arte Bruta.

Manish Arora foi colorido, meio oriental, com echarpes apontadas para o alto. Sem muito jeans (não vi nenhum), bastante vermelho e rosa, calças bufantes nas coxas, ajustadas na base.

Falei de Saint Laurent? Anthony Vaccarello deve querer matar as mulheres de frio, kkk. Todas de pernas nuas, com shorts pretos. Meio rock, meio punk, bonito, mas inadequado para o frio de temperaturas negativas. Ok, ok, bota um baita casaco por cima e vai.

E mais / tem mais Paris na cobertura feita para o novo Jornal do Brasil, que está nas bancas / meu hotel não tem frigobar. Nem precisa: ontem a Coca-cola congelou, depois de algumas horas do lado de fora da janela / enquanto muitas marcas lançam suas novidades, outras tentam se livrar de peças. LaurenceAirline (não é companhia aérea) vende coleções antigas, roupas exclusivas, protótipos e peças de desfile de 27 de março a 1º de abril. No 10, rue Béranger, 75003 / Alexandre Birman arrasando, trocou o hotel Bristol pelo Ritz, para mostrar a coleção. Que eu saiba, é o único brasileiro na temporada. Vamos lá ver tudo. Com neve, chuva, sol, vento…