Em três salões quase seguidos, a Expovest lança o verão e alto-verão. Primeiro, na Fenin Fashion São Paulo, no belo pavilhão recém-reformado ( e ainda será mais, segundo Marcelo Marino, gestor comercial da GL, a General Location, empresa de Lyon que toma conta do local e do RioCentro) da São Paulo Expo. Depois, em meados de julho, a Fenin Bento Gonçalves e no final de julho, a tão esperado feira Fenin Fashion Rio.

Alguns aspectos valem a pena ser destacados:

1. São eventos que trazem a previsão certa do que será visto nas vitrines e nas ruas. Nada conceitual, tudo pronto para vestir. Por incrível que pareça, as maiores ousadias estão na moda masculina.

2. A estrutura funcionou muito bem. Falando em termos práticos, havia uma praça de alimentação com foodtrucks e até um pequeno Spoletto. Os banheiros foram mantidos impecáveis até o final dos dias do evento. Havia vans para o aeroporto de Congonhas

3. Apesar do endereço do São Paulo Expo ser na rodovia dos Imigrantes, o que, a primeira vista parece algo distante, é muito próximo do aeroporto e fica perto de vários hotéis, como o Blue Tree e o Ibis.

4. O que também deu certo, como já havia acontecido em Bento Gonçalves, nos lançamentos de inverno, foi a realização da Fenin e do Salão Moda Brasil ao mesmo tempo e local.

5. Nos anos 1960 quem pretendia ser repórter de moda, tinha que falar francês, para entender os mestres do prêt-à-porter parisiense. A partir dos anos 1990 a língua da moda passou a ser o inglês, já que o mercado mais poderoso era o americano. Agora, a julgar pelas entrevistas durante a Fenin, vamos tratando de aprender mandarim, espanhol, russo e turco. Várias marcas internacionais estão se instalando por aqui. Algumas como importadoras, outras com adaptações ao gosto brasileiro.

6. A eterna polêmica sobre a vinda dos chineses para o mercado nacional, afinal, não se resolve. Até porque as marcas brasileiras estão produzindo na China, em grandes quantidades. Seria inevitável que os chineses reparassem na força do mercado de varejo brasileiro e viessem para cá. E eles vieram com boas coleções, preços razoáveis.

7. As marcas nacionais devem investir em estilo, estampa, no gosto da consumidora. E em bom marketing, para marcar terreno. A maioria dos expositores de São Paulo pretende vir para o evento no Riocentro. As coleções têm tudo a ver com o jeito carioca. Vejam as principais propostas da Fenin Fashion São Paulo:

Estampa estilo indiano, da Anany, marca espanhola que chega ao Brasil

Estampas – referências nos anos 1970, com desenhos inspirados em padrões indianos. Muitas vezes, em preto e branco. Flores também aparecem. Na Janna, grife turca que estreia no Brasil, assinada pela designer Janna Ozkazacalar, há lindos desenhos florais, em tecido orgânico, de 30% seda e 70% algodão. Mas não são vistas oncinhas, zebras nem tigres, porque as turcas não gostam de Animal Print.

Macacões – muitos, muitos, quase sempre estampados, além de lisos, em preto ou jeans. Muito mais macacões do que macaquinhos. Na Pacific Blue, uma graça o modelo de poás em preto e branco. Muitos vestidos longos, que as cariocas adoram no verão

Vestido de princesa, estruturado, da Anany

Bordados – outra vez os anos 1970, nas batinhas meio mexicanas, meio cáftans, bordadas nos decotes. Lindas, na Anany, que vem de Madri, o diretor aqui é Charles Li e as coleções são vendidas na Alemanha, Portugal e Espanha. Os vestidos estruturados lembram modelos de princesa moderna: Patricia, da butique carioca Pathisa, rumou direto para o lote destas peças.

Jeans – em geral, a Fenin mostra muita variedade de jeans. Desta vez, não havia muitas marcas, mas as que marcaram presença mostraram todos os tipos de lavagem, detonados, acabamentos, aplicações com ou sem brilho, tags diferentes. Na Pacific Blue, uma coleção mais do que completa, sem brilhos, investindo só no denin. Por toda parte, shorts com rasgadinhos e cristais – caramba, vai continuar esta onda?

Renda, crochê, estampas, a boa mistura do estilo BoHo, na M. Nacional 

BoHo – enfim, parece que o hippie chique vai pegar. Não tem como não gostar dos looks de saia longa, túnica e colete de crochê, como na M. Nacional. Pra completar, há cintos com fivelas trabalhadas com pedrarias trazidos por Jin Yiqin. Seu intérprete, o jovem Chen Cheng Yao, chamou a atenção para os aviamentos, golas de renda, galões de pompons (o que mais vendeu, aproveitando a onda das borlas). O que chega da China, em containers, acaba rápido, segundo Chen.

Jin Yiqin, à frente de suas coleções de cintos 

Fotos Iesa Rodrigues

E mais: no site, já saíram posts sobre a Raffer, marca de alfaiataria masculina de vanguarda e sobre os manequins da Exart, empresa carioca que está renovando a linha de bonecas de vitrine / a moda não para, daqui a pouco temos o Inspiramais, e as Fenins de Bento Gonçalves e Rio de Janeiro. cada evento busca compradores de regiões específicas. Boa estratégia do Julio Viana, CEO da ExpoVest, que realiza as Fenins. No meio do caminho, os olhos ainda se voltam para a Alta Costura de Paris.