Este belo e ousado nos deixou neste domingo, depois de 71 anos de muita arte, criatividade e crises. Ainda dei a sorte de assistir aos seus desfiles, em Paris. Vi várias exposições, até comprei um casaquinho de rayon, que devia ser uma licença, porque foi em Nova York. Vi a coleção cigana, as Sherazades, as russas. As combinações de cores, nossa, quanto devemos ao garoto que gostava de misturar rosa com vermelho, turquesa com verde, laranja com vermelho, em cartões e convites que desenhava e eram enviados para os convidados. Este senso de cores era de artista, porque ele adorava arte, homenageou vários pintores em roupas que ficaram célebres, como os vestidos inspirados em Mondrian.
Tímido, porém ousado, fotografou nú para Jeanloup Sieff nos anos 60, foi um dos primeiros a propor transparências na passarela, a contratar modelos negras e a olhar para a rua, em vez de se prender aos padrões das Maisons, para criar suas coleções. Lançou o smoking feminino, a moda safari.
Há algum tempo vivia recluso, depois da venda da marca para o grupo Gucci-PPR. Mas nos deixa uma heranca de cores, estilos, ousadias, bom-gosto e muita beleza. Perdemos um criador original, que sabia inventar modelos, sem perder a visão de que trabalhava para vestir as mulheres.
Só temos a agradecer por sua vida e sua arte a serviço da moda.