lareira

Ainda tem muito inverno para curtir em alguns lugares do Brasil. A sugestão da temporada, para quem vive aqui por perto ou no Rio de Janeiro, é Visconde de Mauá. Onde fica, esta cidade? Não fica, porque não existe. É uma história de terras antigas, de Viscondes, e o que há na verdade é Maringá, Maromba, arredores com denominações do Norte e do Sul.
Mas é conhecido como Visconde de Mauá, e para lá podemos ir, para pegar umas noites geladinhas, de céu estrelado e comida boa. Para quem está começando a torcer o nariz, porque lembra da estradinha tenebrosa, pedregulhenta, esburacada, cheia de curvas e estreitinha, tenho uma novidade. A estrada que liga a via Dutra até a encruzilhada de Maromba e Mauá (Maringá, como queiram) está uma verdadeira autobahn! Sim, parece até uma estrada alemã, ainda em construção, mas com o piso lisinho! Não dá para acreditar, principalmente para quem já penou quase duas horas no trajeto. Tem que aproveitar, porque sempre acho que, com o hábito brasileiro de não-manutenção das estradas, daqui a pouco voltam os buracos e pedras.

Com calma, a viagem dura umas quatro horas. Parece muito? Ora, mas quem vai rodar na Dutra sem uma paradinha em um dos Graal? Tem comida a quilo, praça de alimentação, churrascaria, depende de qual deles se parar. Claro, não é alta gastronomia, mas diverte. O pão é melhor do que de muita padaria carioca. E tem aqueles doces de batata, abóbora, que adoro.

A cidade é praticamente uma rua, ladeada pelo rio Preto, que é alvo de muitas campanhas anti-poluição e continua cristalino. São três estados fazendo fronteiras próximas: Rio de Janeiro, Minas Gerais e pertinho, São Paulo.
Em matéria de restaurantes, há ótimos fondues, temperos franceses, macrobióticos e vegetariano, massas, loja de queijos defumados deliciosos. Ah, prefere um Minas fresco? Bom, tem um vendedor que desce a serra com sete mulinhas carregadas com queijos deste tipo. Se o tempo estiver bom, lá vem a tropa de mulas e seus queijos.

Passeios não faltam, em corredeiras que são escorregas com água geladinha, cavalgadas, motos, jipes, tudo para alugar e explorar a região.
piscina
Quer dizer, quem busca emoção e aventura vai se divertir. Prefiro uma programação menos arriscada. Quem divide comigo esta vontade de um fim de semana fazendo nada, pode se instalar no hotel Buhler, o pioneiro na região. Ok, tem sauna incrível, com uma ducha de enlouquecer um finlandês. Tem piscina olímpica (gelada) e aquecida (com energia solar), quadra de tênis, basquete e sala de jogos.
chapeu
Compras? Além dos queijos, imperdíveis, há chocolates maravilhosos ( e caros, uma barra de amargo custa R$ 10, mas é ótimo), móveis, casacos de lã (os melhores, na lojinha perto da ponte sobre o rio Preto), botas e sapatos pesados, para terrenos barrentos. E os chapéus de todos os estilos, na lojinha da Cristina, além do brechó lotado de coisinhas tentadoras.

Não que eu tenha posto o pé na sauna quentinha ou na piscina gelada. O programa de sonhos é: ler um livro na sala de sofás e abajures, cercada de janelas por onde se vêm as flores. A lareira, acesa. Tomar café da manhã com bolinhos de chuva. Comer pizza do lado do forno à noite ou uma sopinha, ou os dois. Em vez de jantar, um queijos e vinhos – de sobremesa, merengue de bananas! Delírio! Lareira acesa!

queijos

O frio pode chegar a três graus, à noite. Brrrr: levem meias na bagagem. E meia hora antes de ditar, liguem o lençol térmico. Cada chalé tem suas lareiras, mas vamos combinar que aquele foguinho pode ser muito interessante, muito romântico, mas de madrugada, apaga! Ao passo que o lençol conserva o calor a noite inteira.

Vejam na internet, façam reservas e curtam o friozinho que dura até setembro, no mínimo.

Como nada é perfeito, a volta, além da tristeza de deixar para trás a lareira, os bolinhos, as estrelas, o lençol, tem o trânsito lento na Baixada fluminense. Há uma pista reversível do lado esquerdo, onde predomina a alta velocidade. E outra: não tem Graal na volta! A melhor parada é o Rezendão (mudou de nome para algo como “Oi” ou ”Olá”, onde se abastece o carro, toma-se um café e pega fôlego para descer a serra das Araras.