Em vez de postar um desfile por vez, melhor fazer um relato do que aconteceu hoje, nos desfiles de Paris. As razíµes da mudança são puramente técnicas: para reduzir o peso na bagagem de mão, trouxe apenas o iPad, que não anexa fotos no WordPress. Assim, para quem curte ler, segue o estilo de hoje, e aguardem a revista Almost Paper com TODAS as coleçíµes que valeram a pena.

Roland Mouret – um dos melhores da moda parisiense atual. Faz roupa de vida real, sem ser banal. Jogou com listrados em preto e branco, intercalados com entalhes coloridos quadrados ou retangulares, em verde, amarelo ou rosa. Por aí­, montou vestidos de alças largas, um modelo com decote reto em faixa branca. Acetinados em rosa no final. Estampa difí­cil de identificar, parecia uma sequencia de flores borradas.

Chalayan – como mudou! Muito mais comercial, começou assustando com um vestido com listras de cadeira de praia das antigas. Mas era uma saí­da, que cobria um maiô branco. Daí­ em diante, foram belas camisas brancas, de corte reto, vestidos em tom areia, com repuxados, alguns com sutil estampa de palmeiras e outros em cinza, lindos nos longos. Dispensaria os últimos, com tramados de fitas coloridas.

Talbot Runhof – a dupla alemã também investiu no preto e branco, em padrão gráfico. Em longos de gola alta e mangas compridas, de frente. De costas, um decotão! Saindo do padrão, o preto e branco continuou em entalhes laterais estrelados. A ala de figurativo inclui folhagens em verde devorê sobre tom de pele em mais longos. Bonito um dos últimos, um longo de seda azul-claro.

Dior – mais uma coleção do Raf Simons, desta vez em meio a flores, plantas, folhagens, que anunciavam séries de saias estampadas e altos em preto ou o contrário, como aquecimento. Porque o bom é o plissado fino, entortado, formando saias e vestidos. Sai um pedaço de quadril de um lado, vira um leque em um ombro, ganham faixas com inscriçíµes ou se alternam com trechos bordados. Pode dar errado, como é o caso dos escudos ou das tiras pretas ou estampadas que dão uma forma balonê. No fim, o que faz sucesso mesmo é o look preto, assimétrico. Verdade que há inspiraçíµes interessantes, como as regatas com costas redesenhadas, meio entortadas. Os colares também chamam a atenção.
Saudades do Galliano.

Vanessa Bruno e Isabel Marant – junto as duas, porque falam com um povo igual. Povo que vai continuar de shortinho, tuniquinha, e salto alto. Vanessa tem Perfectos lindas, coloridas. Isabel, estampas florais maravilhosas.

Martin Margiela – dizem que o próprio saiu de cena. Deve ser verdade, porque a coleção está comercial, simples, usável. No limite do sem graça, mas escapa pelas calças com visual de sobreposição, pela alfaiataria com lapela bordada de azul e pelo trench, transformado em vestido.