Paris – Poucas figuras em estampas localizadas, nada de paisagens brasileiras nem borrões artísticos. O que o brasileiro fez foi muita moda, e com boa diferença em relação aos colegas de agenda de Paris. Ainda nào é uma atração para a maior parte da imprensa internacional, mas se tiver paciência e esperar mais umas duas temporadas, deve ganhar mais visibilidade no disputado circuito parisiense.

As razões são simples – uma roupa com personalidade, sem apelar para a nacionalidade. Muito inteligente a proposta de bases escuras – calças e saiotes em geral pretos, o que favorece a silhueta brasileira. Um luxo, as ideias de casacos bordados e blusões em nylon matelassê metalizado em preto ou rosa. Bem acabadas, as camadas de couro e organzas, nas vestes impecáveis. E o pied-de-poule multicolorido, que ótimo?

Os maiôs de tiras largas pretas, tipo bondage, desenvolvidos pela Adriana Degréas, ac rescentaram muitos pontos ao trabalho do Pedro Lourenço.

Falei que ele não apelou para a brasilidade. Ao mesmo tempo, que as bases em preto são perfeitas para nossas silhuetas. Afinal, por que o Pedro desprezaria o mercado brasileiro? Uma coisa é criar peças com referências nativas; outra coisa é vender para as compatriotas, que adoram moda e deveriam prestigiar mais os criadores brasileiros.

Intervalo / O desfile foi na Garage Turenne, antiga oficina no Marais. Desde que começou a ser palco para a semana de moda, o espaço melhorou muito. Está mais limpo / conto de fadas, acreditar que Paris é a cidade conectada livre. Vai apostando nisso, e rodando atrás de sinal de wi-fi gratuito. Quer dizer, existe, mas fraquiiiinho. Nos Champs Elysées o melhor sinal fica no Starbucks. Que tal um café? / as modelos passaram aceleradas, caramba