pedroHá quem não acredite no sucesso dele, que diga que se deve aos pais famosos (Reinaldo Lourenço e Gloria Coelho), ao assessor internacional, muito bem relacionado com imprensa, à sorte simplesmente. Sinto informar que o cara de 20 anos, quase sempre de terno e camisa branca, é talentoso e carismático. Sabe muito de técnica e materiais de moda.pedro1

Fez questão de apresentar pessoalmente algumas peças da coleção Resort, que já vendeu bem em Nova York, deve estar em 25 multimarcas no Brasil e será vista em Paris durante a semana da Alta Costura. Convocou poucos eleitos para o Baretto, no Hotel Fasano, e convenceu pela sinceridade e pelo trabalho. Segue o que ele disse:

“Quero mostrar o Brasil para o mundo. Com matérias de qualidade, como as sedas e couros franceses, os fechos banhados a ouro, da Suíça, o tweed de papel e palha, usado na Alta Costura. Mais o couro de seringueira, uma lona coberta de látex, produzida por índios da Amazônia, o jérsei de seda, o neoprene de scuba diving nos maiôs”

“As estampas estão dentro da minha intenção de falar do universo brasileiro da nossa fauna e flora. São araras, tucanos e as palmeiras assinadas por Lelli de Orleans e Bragança. As asas das aves ultrapassam a frente dos vestidos e são recortadas e coladas à mão, um trabalho que leva meio dia”

“As calças cigarrete, com fechos dourados nos bolsos, têm um mínimo de costuras. As cavas são baixas, modernas, e eliminam as pences. pence é demodê. Primeiro, faço a moulage, depois passo para o computador para o molde e pesquiso a maneira de eliminar as costuras. É um investimento maior em tecido, encarece a roupa, mas o resultado tem uma queda mais bonita”

“Os maiôs têm as estampas de palmeira e as costas com alças inspiradas em foto célebre do Horst. O modelo em preto, off ou navy tem sainha, como nos anos 1950”
“Minha linha é quase sempre verticalista. A verticalidade alonga o corpo. Os vestidos são cortados em painéis com zípers que podem ser abertos magneticamente e revelam as estampas na camada inferior do painel. Nos comprimentos, como esta é a coleção Resort, mais comercial, faço desde o curto até abaixo dos joelhos, para atender a vários mercados”
A coleção Resort, que se destina aos europeus que viajam para lugares quentes, no inverno, é 70% produto e 30% imagem. Imagem não tem limites de preço, usa novos materiais, é a pesquisa e renovação da moda. Produto tem preocupação com preço e produção, é o que faz crescer a marca”.

Golpe final no conceito profissional do Pedro Lourenço: toda a produção é feita no Brasil. As costureiras foram treinadas e as máquinas, reguladas para lidarem com as sedas e couros. O resultado encanta desde os compradores de grandes redes internacionais até a Lady Gaga, que adorou um de seus vestidos. O menino-prodígio tem 20 anos, não é mais menino, mas merece ser o prodígio da nossa moda

Fotos Marcio Madeira