O que é este Premio Rio Moda Hype? Trata-se de uma seleção de projetos de coleção, enviados de todo o país, que são filtrados e julgados por uma comissão de editores e stylists. Oscila entre 10 e 12 participantes, conforme o nível dos projetos. Em princípio, há a exigência de um potencial de produção, de um acabamento razoável, enfim, que seja um profissional quase pronto para entrar no mercado. Seja com sua própria marca ou como funcionário de uma grife alheia.
Não é um conjunto de trabalhos escolares, nem um desfile de varejo. Este meio-termo foi bem acertado no desfile de hoje no Pier Mauá. Vejam como foram os 10 selecionados – um deles ganha um prêmio.
19h05 / Akihito Hira (Brasilia)
tema Botanist
Camisas impecavelmente brancas, impecavelmente cortadas, completamente desconstruídas. Com duas mangas na frente, braços de fora. Com mangas abertas longitudinalmente. Calcas brancas perfeitas. Bermuda com falsas mangas amarradas na frente. Todos de óculos e alpargatas
Akihito Hira
[cincopa AkIArkaIRnBJ]
19h10 / Janiero (São Paulo)
tema Festival Hindu Holi, festa das cores
No meio do caminho entre cintas e sutiãs antigos, um colorido bonito, frisado por detalhes pretos, prestes a se transformar em moda praia diferente. Thaise Ferreira tem futuro
Janiero
[cincopa AAFA0lK1RvNG]
19h17 / Velt (Rio de Janeiro)
tema Get to work
Adorei este conceito, criado pelo Leo Vairo e pelo Tom Jardim. É roupa masculina, com macacões pespontados, calças cor de laranja, camisas brancas de pala e metade das mangas azuis, calças com bolsos-bolsas nas costas. Segundo eles, é roupa para o cara que faz tudo, conserta as coisas em casa. Não me escapou a camisa xadrez azul linda, enrolada na cabeça de um dos modelos
Velt
[cincopa AQNAdka9RLSE]
19h20 / Andre Lucian (Rio de Janeiro)
tema Faces off
Uma boa pesquisa de materiais, nos vestidos de tecido entrelaçado, espécie de non-tissu, tyvek, renda moderna, algo assim. E nos mesh de couro, que interferem em detalhes. A modelagem também é criativa, nos vestidos com drapeados de tecido sobre tops de leather mesh preto. Algumas modelos de franjas de canutilhos pretos escondendo o rosto. Faces off!
Andre Lucian
[cincopa AcFA_lKMRnNC]
19h25 / Sann Marcuccy (Brasília)
tema Baba Yaga
Algo em torno de bruxas, expresso nos vestidos pretos, nas blusas de lurex ouro-velho, nos colares e medalhas douradas. Tecidos de quadradinhos vasados tanto em blusa feminina como no hoodie masculino (ficou melhor neste). Cabelos glamourosos, de vamp. E o Sann é fofo
Sam Marcuccy
[cincopa AkBANmKxQLx8]
Depois de um intervalinho, veio o segundo grupo
20h10 / Martins Paulo (Piauí)
tema Beatriz Milhazes
Todo o colorido, os círculos, as transparências da artista plástica estão presentes. Reconheço o valor de transpor a obra para roupa. Mas ficou bastante conceitual.
Gostei dos prendedores dos coques, argolas quadradas nas cores das roupas e das sombras dos olhos
Martins Paulo
[cincopa AwMA7nKXR7xQ]
20h15 / Lucas Magalhães (Minas Gerais)
tema Lichtenstein
Olha só, o Lucas chegou mais próximo do limite entre arte e moda. O reticulado típico do Roy Lichtenstein virou um jogo de poás em vestidos ajustados ou envelopes, ou estampas gráficas em túnicas/ vestidos com calças capri. Até as sandálias são nos mesmos tecidos.
Lucas Magalhães
[cincopa AgDAJkq_RLya]
20h23 / Branchée (Rio de Janeiro)
tema Nossa Senhora do Vestidinho
Carolina Herszenhut inventou até uma reza para a Nossa Senhora do Vestidinho, e mostrou uma variedade exagerada de caminhos. Podia concentrar numa linha, em vez de fazer uma saia longa verde com colete, um vestido com laçadas nas costas, outro laranja, com babados no decote, um macaquinho, saias longas aquareladas. Queria ter uma escolha, uma decisão. Ou será que a missão da Nossa Senhora é esta, oferecer muitas opções para suas fiéis?
20h25 / Soddi (Bahia)
tema Festa da Cor
Uma ótima surpresa, o trabalho do Solon Diego Barros Silveira. Ele é baiano, e sua roupa masculina tem a ver com o que se imagina a Bahia. Cores claras, tecidos leves. Coletes com fenda nas costas e bermuda coral. Todos de espadrilles, viseiras-turbantes, com garrafinhas com pós coloridos nas mãos. Muito bom, o Solon. Agora, escolhe um nome de guerra. Ou um nome de grife, Solon…
20h27 / Dobra (Rio de Janeiro)
tema Artsy Freaks
Mais ou menos como a Carolina, da Branchée, o Antonio Guedes exagerou na variedade. Foi uma profusão de propostas, com temas de arte contemporânea, grafites, estampas, franzidos, galinhas, em looks até interessantes, mas sem alinhavar uma história. O Antonio é bom, vamos esperar que se acalme no furor criativo. Algumas modelos com máscaras de monstros
Intervalo / aquela área da Praça Mauá não é exatamente pródiga em estacionamentos. É quase compulsório o serviço de valet, que custa R$ 30. Este negócio de evento está virando um investimento – no Fashion Business, eram R$ 20 por dia, em três dias, foram R$ 60. Agora, mais R$ 180 no Pier Mauá / sempre achei esquisito que as tops do evento desfilassem no Rio Moda Hype. Por que não dar chance também a meninas desconhecidas ou ainda abaixo do nível Top? Foi o que se viu hoje, e mesmo que nem todas fossem excelentes, ninguém comprometeu a avaliação das coleções
