Mais uma vez, Eloysa Simão traz uma lanterna para clarear o túnel escuro da moda carioca. Em meio a liquidações já exterminando os lançamentos do frio e vendas atrapalhadas pelos feriados da Copa, Elo organizou através da Dupla Assessoria e da Escala Eventos, a pedido do governo do Estado, um fórum para discutir como melhorar a situação geral da moda no estado.

O defeito do fórum Rio pela Moda (ótimo nome, ótimo logotipo) foi a realização em dois dias – é muito, para quem está batalhando no varejo. Consegui ir no primeiro dia, no hotel Royal Tulip (não, não: o time inglês já tinha ido embora, ooooh que pena) mas valeu pela qualidade dos participantes do primeiro painel: Bernardo Saadi (Citycol), Léo Ferreira (Cantão-Redley), Alberto Osório (Maria Filó) e Isio Feldman (Afghan).

Bernardo Saadi foi o destaque, até porque eu não conhecia o líder da Citycol. Porque são 80 lojas, três fábricas (em Queimados, Avelar e Três Rios) e moda com preço máximo de R$ 20! De 400 mil a um milhão e 200 clientes por mês! A produção vertical impressiona, e a capacidade de acompanhar a moda atrai para conferir a quantas andam as lojas. Segundo Bernardo, “ a Citycol surfa na onda de moda que já existe”.

Léo Ferreira voltou de Nova York impressionado pelo movimento dos criadores do Brooklyn, que ostentam o orgulho por criarem e produzirem moda e desgin made in USA. “ Podíamos criar um selo Rio”. Segundo Léo, o estado do Rio não consegue produzir, por falta de costureiras e outros profissionais do setor, e há dificuldades com o recrutamento.

Ísio lembrou que começou em Vilar dos Teles, abriu a primeira loja no Madureira Shopping. Atualmente são 17 lojas, prestes a aderir ao e-commerce. “Sempre fui otimista”, declarou.

Alberto Osório, lutando com o microfone, quase inaudível, resumiu que a Maria Filó é criação e varejo. Moda e marca. Não produz, não tem interesse em manter fábrica

Em resumo, houve coincidências nos depoimentos. A maior delas, a dificuldade de encontrar desde costureiras a gerentes de produção. Na plateia, muitas perguntas sobre como conseguir estágios, treinamentos, acesso às marcas. E a conclusão de que uma grife = produto + distribuição. Se tiver o produto lindo, mas não entregar o pedido, compromete a marca.

Fica sempre o círculo vicioso: as faculdades formam centenas de profissionais, mas faltam funcionários para as produções. Falta técnica e experiência para quem pretende trabalhar no circuito da moda.

E mais: a St. Martin não é graduação, e de lá saem os melhores designers, que são cobiçados pelas grandes grifes. Quem se forma lá, sabe cortar e costurar, montar uma coleção / Léo Ferreira, em conversa antes de começar o Fórum, comentou sobre o sucesso de uma minilojinha no Leblon, ao lado do Jobi. “ É um grupo do Sul, que abriu a Void, tem que ver”. Outra do Léo, a onda de meias pretas nos pés masculinos frequentadores de academia. A Redley vai lançar uma linha / incrível como o fórum Rio pela Moda lotou as salas do Royal Tulip, em pela Copa! / muito boa a ideia do selo, deveria ser Rio pela Moda / Salão Bossa Nova será de 29 a 31 de julho, no hotel Golden Tulip, em São Conrado. Daqui a pouco!