IMG_7829Lembram do primeiro desfile da Santa Ephigênia, no Jockey Clube da Gávea, em 1993? Foi um sucesso, porque a inspiração era o jeito de vestir das senhorinhas de Copacabana, quando elas saíam para caminhar no calçadão, iam à feira, saíam para dançar nos clubes do bairro…
Era divertido, e deu a partida para a marca, que na época ainda contava com Marco Maia vivo, alegre e cheio de idéias. Marco se foi, e deixou a herança de estilo para Luciano Canale, companheiro e sócio desde a primeira passarela. Luciano faz agora a revisão desta coleção, com muito mais sofisticação.
No camarim do Espaço Tom Jobim, dentro do Jardim Botânico, ele detalhou a coleção destacando o papel dos tecidos e das estampas. Principalmente os motivos de flores e pássaros, desenvolvidos através de gravuras da expedição Langsdorff, que estudou e reproduziu a flora brasileira no século 19. “Como não dava tempo de produzir digitalmente, a Ana Paula Guinle, do ateliê Indumentária, pintou à mão”, disse, mostrando o longo que abriria o desfile. Uma perfeição, sabem aquela pintura que nem tem relevo? Parecia porcelana. Outro tecido, o linho, de novo da Braspérola. “Foi comprada por um francês, está sediada em Recife e voltou com linhos pesados”. Mas a graça da Santa Ephigênia sempre tem a ver com os patchworks criativos e luxuosos. Desta vez, os linhos e algodões se combinam com tiras e entalhes de brocados indianos e tecidos de colcha com pespontos. Nas formas, nota-se a evolução da coleção de inverno, com casacos e boleros sobre os vestidos. Se tem bordado? Claro: são argolinhas e rodelas transparentes, fazendo o bordado que Luciano chama de “orvalho”.
Na complementação, duas belezas. Primeiro, a linha de sapatos, um Oxford dourado com solado de espadrille e uma sandália de tiras largas, no brocado da coleção. Segundo, os chapéus Bromélia, em várias cores, do Denis Linhares.
Intervalo / as modelos carregavam sacolas com galhos de eucaliptos, trigo e mimosa. Que sacolas! Nada de ecobags: são feitas com retalhos da coleção, lindinhas / as bolsinhas de croco lembram bolsas de exploradores, referência Langsdorff / no estande da Essenzia, Sandra Braconnot analisa os arranjos de flores que as visitantes fazem. Personalidade, temperamento, tudo visto através das flores / só vai dar flor no verão. E flor Cult, de gravura de Botânica. Estou fingindo que almoço, na Batata Inglesa, do meu lado senta uma menina, provavelmente aluna da PUC (estava no shopping da Gávea), lendo uma apostila. Título: Ecosistemas Brasileiros. Toda ilustrada com…gravuras de flores em preto e branco. É um sinal!