Claro que há mudanças na semana de moda parisiense. Aliás, em todas as semanas. Pelo menos corre uma previsão no circuito fashion que o futuro da semana de New York será um…algoritmo! E que talvez neste caso, os desfiles perderiam a importância.

Ok, tudo muda. Nos anos 1950, pelo que se vê nos documentários e filmes, desfile era uma modelo de cada vez, portando um papel co um número na mão. Sem música de fundo, só um apresentadora descrevendo os looks para as madames da platéia. Nos anos 1980 foi construído um conjunto de três salas no subsolo do museu do Louvre, especialmente para os desfiles. Em pouco tempo os estilistas se declararam cansados daquele ambiente, que igualava todas as coleções. Pode? Era ótimo, ninguém precisava sair na chuva ou na neve, para perambular por Paris e chegar aos endereços das apresentações.

Agora, além da peregrinação, há uma maioria de show-rooms bem montados, com o criador disposto a conversar e as peças ao alcance das mãos. Prático para os visitantes. Econômico para as marcas, que não gastam em modelos, luz, cenário. Também pode haver uma mistura dos dois: Valentino e Dior, por exemplo, fazem desfilões e convidam para os resees, que são showrooms do que foi visto nas apresentações.

Desde segunda-feira estão rolando os dois conceitos. Nesta temporada fria dá até para estranhar algumas sugestões curtas e decotadas, mas quem sabe como será o próximo inverno? Alguns pontos fortes destes primeiros dias:

Inspiração marroquina no inverno de Jacquemus (foto Marcio Madeira)

Jacquemus  (designer Simon Porte Jacquemus): inspirado nos souks (feiras) marroquinos, apostou em cores desérticas e terrosas, vestidos com fendas e alcinhas, outros com mangas mais longas e justas. Cara de verão.

Painel montado na loja Dior da Avenue Montaigne, com resumo da coleção desfilada

Dior (diretora de criação Maria Grazia Chiuri): acerta de novo, com referências em 1968, ano da revolta estudantil em Paris. Muito patchwork, terninhos de calças retas, liderados pela suéter com a inscrição <c´est non, non, non> . No resee, joias assinadas por Victoria de Csstellane com motivos de rosa dos ventos, desenho que havia no jardim da casa de Christian Dior.

Roupa de proteção, em materiais futuristas, por John Galliano para Margiela (foto divulgação)

Maison Margiela (diretor de criação John Galliano): à primeira vista, muito louco, roupas disformes, plus size, em materiais que lembram bombeiros, socorristas. Só que Galliano sempre tem um argumento. É o futuro que ele pesquisa, pensa nos novos materiais como o poliuretano (os transparentes), os grandes volumes, que lembram os conceitos originais de Martin Margiela. É o futuro, mas atualmente não seduz…

Lanvin (diretor de criação Olivier Lapidus): prefiro não comentar. Esperava mais do filho do Ted Lapidus. Olivier pegou as cores e os tecidos típicos da grife clássica e não conseguiu encantar como Alber Elbaz, o diretor anterior.

Anthony Vaccarello bota todas de pernas de fora na grife Saint Laurent (foto divulgação)

Saint Laurent (diretor de criação Anthony Vaccarello): bonito, sim. Mas quem adotar vai congelar, se o inverno se repetir gelado. É um tal de shorts e bota, pernas de fora. O preto predomina.